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Segunda, 07 Agosto 2017 05:34

“Se as pessoas não forem às ruas, Temer vai sair ileso”

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Em entrevista ao jornal O Estado, o deputado federal Cabo Sabino (PR) fala sobre a expectativa para as futuras denúncias contra o presidente Michel Temer. Entre as avaliações, o parlamentar acredita que “se o povo não ocupar as ruas”, o peemedebistas sairá “ileso” em virtude da sua articulação com a base aliada. O parlamentar admite ainda que a reforma política, caso aprovada pelo Congresso, será mais uma modificação maquiada e, portanto, não muito diferente das ocorridas até agora. E sobre a possibilidade de deixar o Partido da República (PR), Sabino pontuou divergência com a direção nacional, que inclusive pode gerar sua expulsão da sigla. Entretanto, teceu elogios a cúpula estadual. O deputado admitiu migrar para o antigo PTN, hoje Podemos, que ano passado trocou a nomenclatura em razão da proposta de democracia direta na legenda.   [OESTADO] Estamos com essas denúncias contra o presidente Michel Temer. Depois dessa primeira, apresentada pelo procurador Rodrigo Janot, a expectativa é de que existem outras para chegar. Como está o clima na Câmara Federal? [CABO SABINO] A Câmara Federal é uma caixa de surpresas. Ela está um clima de manhã, outro pela tarde e à noite está completamente distinto. Mas, o presidente Michel Temer é um Governo que saiu do Parlamento. Cerca de 40% dos deputados que estão lá hoje, ou sentaram lado a lado no banco ou presididos por ele, quando presidiu a Casa. Então, ele é um Governo de muita articulação, de proximidade e com isso, ele cria uma proximidade e afinidade maior. Com isso, ele constrói uma bancada sólida e tem um número muito grande. As ruas precisam dar uma resposta. Algumas pesquisas mostram que 84% da população é a favor que seja acatada essa denúncia. Se as pessoas não forem às ruas, o presidente vai sair ileso de todas as denúncias que chegarem à Câmara, pois é um Governo que sabe trabalhar a base dele.   [OE] Falando sobre a questão da base. Para além das denúncias, nós temos as reformas. No caso da Reforma da Previdência, em que até alguns parlamentares da base têm uma resistência grande. Nesse segundo semestre, o Governo vai mostrar sua força nessa articulação para aprovar a reforma? [CS] Acho muito difícil, porque seria colocar a Câmara para uma verdadeira kamikaze. Primeiro que já estamos no mês de agosto e vamos tratar dessas denúncias dele. Temos que tratar paralelamente e posterior a questão da reforma política, que tem que ser votado até o final de setembro. E aí, temos menos de um ano para o pleito eleitoral. Hoje as redes sociais elas marcam muito as figuras dos parlamentares, elas não deixam mais a população ficar tão esquecida como foi no passado. Então, já votaram a reforma trabalhista, alguns, nessa época já votaram a favor do presidente Michel Temer contra a vontade de 86% da população.   E votar a reforma da previdência, perto de um pleito vai mexer com cada cidadão vivo, a não ser aqueles que já têm suas aposentadorias, são propostas muito impopulares, danosas. Então, se colocar isso, o Governo tende a uma derrota. Pois vai precisar de 308 votos, em dois turnos, por ser uma PEC, e corre o risco do Senado não ter a mesma coragem, porque o Senado tem recuado, muitas vezes, das votações que a Câmara tem feito, por exemplo, uma votação que a população vai às ruas, o Senado ‘amarela’. Como foi o caso da terceirização. A Câmara votou antes com a Dilma, aprovou e o Senado não deu segmento. E então, se votou novamente terceirização na Câmara, para que o Senado pudesse votar. Acredito mesmo que a Reforma Previdenciária seja para 2019.   [OE] A Reforma da Previdência…, toda e qualquer decisão este ano tem repercussão direta na eleição de 2018? [CS] Sem sombra de dúvidas. Até porque, nós vamos para a sétima reforma da previdência nos últimos 24 anos. Então, todo trabalhador que começou, por exemplo, há 25 anos, já mudou contra ele, seis vezes as regras da previdência. Agora mais uma vez, já estando milhares próximos a se aposentarem, independente do trabalhador que seja, se ele tiver direito a uma aposentadoria especial, esse vai ser impactado diretamente. A população também já está sentido na pele toda essa questão da crise financeira, crise política, moral e o Nordestino mais ainda com a crise hídrica, e ainda vai sentir na pele, pagar um preço de uma fatura que ele não é responsável. Nessas seis reformas da previdência, não se cobrou nada da classe empresarial, pelo contrário, ele protegeu.   [OE] Falando sobre Reforma Política, um dos pontos que tem repercutido bastante, é a questão do distritão. Essa proposta passa? Na sua visão, qual a melhor proposta? [CS] A reforma política como eu já disse no plenário da Câmara, com muita tranquilidade, ela vai ser uma das reformas mais maquiadas que nós já tivemos até agora. Ela não tem o desejo de reformular a lei política, ela vai ser criada, justamente para justificar a criação de um Fundo eleitoral. A priori, será um Fundo de 3, 6 bilhões para financiar a campanha de 2018, 2 bilhões para 2020 e, no mínimo, repetir em 2022, os 3,6 bilhões. Sem falar do 3,4 bilhões do fundo partidário. Então nessa conta, já temos 12 bilhões e 400 milhões em quatro anos, o que daria para pagar um salário mínimo para cada pessoa que está desempregada no Brasil.   Mas eles não podem ser colocado esse fundo para ser votado isolado, seria muito descarado, então, maquiando com dois pontos: O fim das coligações, o que querem trazer somente para a parte proporcional, que são eleições para vereadores e deputados, continuando as majoritárias. E o Distritão, que soa para a população como algo que é bom, lógico e, até, justo. Com o distritão são eleitos os mais bem votados. No entanto, vai ser respeitado a vontade popular, daquilo que a população vai conhecer. Nesta proposta, todos os candidatos terão o mesmo direito de patrocínio. Então se eles não precisam vai fazer chapa, se vão ser eleitos os mais bem votados, eles não vão colocar mais os 10 a 20 candidatos, vão colocar os dois candidatos que eles acham que, realmente, tem chance de serem eleitos. Isso significa uma lista fechada pelos partidos. Pois não vão abrir legenda para aqueles que não conhecem e não tem histórico político. Com isso, a renovação na política fica a zero. Acredita-se que 90% permaneça.   [OE] Nos bastidores sabe-se que o senhor vai sair do Partido da República. Qual o partido que o senhor deve ir? [CS] Tenho um carinho muito forte com o PR no Ceará. O relacionamento que tenho com o meu amigo e irmão, deputado Capitão Wagner é um parceiro de todas as horas, o respeito que tenho por Lúcio Alcântara é um grande amigo, assim como também com o Roberto Pessoa, no qual nutro um grande carinho, que é um grande líder, dentre outras lideranças. Mas a nível nacional, eu tenho divergências com a direção do partido, no tocante as votações, de ideologia. O PR, ele foi a grande coluna do Governo petista.   O Lula, por exemplo, tentou por três vezes, ser presidente da República, mas com José de Alencar como vice, ele conseguiu. E o PR, ao longo desses três anos, foi base do Governo. Em muitas vezes, o PR foi mais leal do que o próprio PMDB que tinha a vice-presidência. Ele não fechou questão no impeachment da presidente Dilma, mas está fechando questão com as denúncias contra o Temer, o que mostra uma incoerência. Como o partido que faz nascer o governo, passe treze anos na base e não fecha questão em um impeachment, mas fecha com um Governo que ele está há um ano na base? A ponto de perder e punir deputados? Quando é uma votação pessoal. Porque a votação do Temer não é uma questão de ideologia partidária, mas uma questão pessoal de cada parlamentar. Sem falar que o partido e friso a direção nacional, perdeu as necessidades do povo e pensou simplesmente na vontade do Governo. Quando estar ao lado do Governo só são pautas, reformas que impactam a população. E para eu permanecer deputado, brigando com o partido, a ponto de ser expulso pela legenda, não tem mais como continuar no PR.   [OE] O senhor pretende aguardar a janela partidária? Já soube que o senhor deve migrar para o Podemos. É isso mesmo? [CS] Eu tenho esse pensamento. Tenho tido uma afinidade com o Podemos, porque é um partido que, hoje, está além da direita e da esquerda. Partido que não tem bandeira. Eu digo que ele é muito mais um movimento, do que um próprio partido. O Podemos, ele vem para brigar por causa, não é por bandeiras.   [OE] O Senhor é presidente da Comissão de Defesa dos Direitos das Pessoas com Deficiência, inclusive, com projetos importantes aprovados. Como o senhor decide qual bandeira vai abraçar? É através de uma demanda que vem da população? [CS] Eu digo sempre que eu sou um parlamentar de rua. Vim da rua, do povo, comecei do movimento estudantil, fui camelô, depois policial, fui para representar minha categoria no mundo associativo e não saí das ruas. Frequento os mesmos lugares que eu frequentava, todo mundo tem acesso ao meu gabinete, recebo na minha casa. É o que eu me identifico com a causa. As pessoas com deficiência nesse país, que representa 28% da população, elas precisam serem vistas. Nós preparamos um mundo todo para as pessoas sem deficiência, e as pessoas com deficiência não podem ser ignoradas. Precisamos de um mundo mais inclusivo. É uma bandeira muito gostosa de a gente lutar. É lutar pela vida, pelas pessoas. As pessoas com deficiência mostram um poder de superação acima do que podemos imaginar. São exemplos de superação para nós. Você pensa as pessoas que são deficientes visuais, enxergarem por meio das mãos, conseguem se comunicar, se formar. O autismo, por exemplo, precisa ser vista por nós de uma maneira muito respeitosa. O país não se preparou para cuidar dessas pessoas, por exemplo, no dia a dia, na escola, no trabalho, apesar de que a lei e inclusão que é muito recente. Me identifico com a causa.   [OE] Em 2018, qual a sua aposta, tanto para o Ceará como para o Brasil? [CS] Falam muito em voto de protesto. Eu não sei se o voto de protesto dá certo. É muito complicado falar em voto de protesto, quando se fala de alguém que vai presidir a nossa nação. Mas espero que tenhamos uma mudança. Nos costumes, do paternalismo da Política de uma maneira em geral, do toma lá, dá cá, que a população possa escolher um presidente que possa ser isento de tudo isso, e escolhido pelo povo. Muitos acham que são escolhidos por uma conjuntura de partidos, não pelo povo. Espero que as redes sociais, as mídias possam fazer o papel fundamental e determinante nessa política, para que possamos eleger um presidente que se sinta devedor a nação. No Ceará, a oposição ainda está dormindo, não acordou. Nós, estamos a um ano da eleição e não se sabe o candidato. Nem se a oposição terá candidato para enfrentar Camilo Santana, candidato natural à reeleição ao Governo do Estado. É um Governo que está nas ruas, têm trabalhado, que tem inaugurado obras necessárias. Governo popular e do outro lado, quem vai enfrentar? Próximo ano, acredito que será uma eleição diferente, onde o eleitor vai votar naquele que ele confia. Então, diante desse cenário, Camilo Santana seria reeleito no segundo turno.   POR KÉZIA DINIZ Este endereço de email está sendo protegido de spambots. Você precisa do JavaScript ativado para vê-lo.
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