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Coluna Segurança Publica - QR Code Friendly
Segunda, 03 Abril 2017 04:08

Coluna Segurança Publica

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O anti-Capitão Wagner   Jovem, “operacional” e um mestre no uso das redes sociais. O perfil de André Costa em nada se parece com o de seu antecessor à frente da Secretaria da Segurança Pública e Defesa Social (SSPDS), o também delegado federal Delci Teixeira. Embora tenha mantido os índices de homicídios em queda constante, o ex-secretário era avesso a ações pirotécnicas e preferia dividir os holofotes com os subordinados. Essa postura, por vezes, causava uma sensação de ausência, embora Teixeira tenha assumido posições importantes, como a defesa de uma investigação rigorosa acerca da Chacina do Curió.     Em um secretariado marcado pela discrição, onde a figura do governador Camilo Santana sobressai sem alguém para lhe fazer sombra, André Costa ocupou rapidamente seu espaço no imaginário da população e dos próprios policiais. Em aparições públicas, o delegado costuma aparecer com um uniforme preto, dispensando o uso do paletó e gravata, como se estivesse em uma operação policial permanente. Nas redes sociais, André Costa gosta de posar ao lado de policiais civis e militares como se fizesse parte efetiva das equipes. Essa nova abordagem pode ser sintetizada em três letras: TMJ, expressão que significa “tamo junto”.     O novo secretário, que completa 100 dias no cargo este mês, encarna com precisão uma polícia que vê na figura do criminoso um inimigo a ser combatido.   Seu discurso é bélico e seu modo de agir na área da segurança pública reflete essa concepção. Por causa disso, André Costa une policiais civis e militares em um mesmo espírito de luta. São todos “guerreiros”. Trata-se de uma tendência que vem ganhando força nas instituições policiais e alimentando candidaturas que pregam menor tolerância com as práticas criminosas, relegando por vezes o contexto social e econômico em que elas estão inseridas.     Desde 2012, não é mais possível compreender a Polícia sem relacioná-la diretamente à política. A paralisação dos PMs fez emergir um novo sujeito político formado pelas associações de policiais e suas lideranças. A força de tais movimentos pode ser vista na reação intensa dos profissionais de Segurança com vistas a ficar de fora da reforma da Previdência. Não à toa, a bancada da Segurança Pública é uma das mais atuantes e representativas no Congresso Nacional, com ramificações em assembleias e câmaras municipais em todo o Brasil.     O protagonismo de André Costa pode ser compreendido como um trunfo a favor do Governo do Estado diante de uma categoria bastante organizada e que desfruta de forte poder de reivindicação. Ao mesmo tempo, o secretário surge como uma figura que se contrapõe ao deputado Capitão Wagner, um dos raros opositores de Camilo Santana na Assembleia Legislativa. Esse antagonismo é forjado não por contraste, mas pelas similaridades que ambos compartilham. São líderes que encarnam o novo na Polícia além de saberem se comunicar muito bem. À distância parece haver mais afinidades que diferenças. Prova disso é que ambos já se reuniram para tratar sobre demandas da PM.     Essa é a grande vantagem governista: poder contar com uma liderança tão parecida com a do Capitão Wagner, mas que esteja do lado do Palácio da Abolição. É isso que faz com que André Costa possa ser considerado um antídoto à atuação política do oficial da PM, uma espécie de “anti-Capitão Wagner”. Caso mantenha a popularidade adquirida não seria surpresa alguma ver o secretário candidato a deputado estadual ano que vem com grandes chances de ser eleito.     Como na política não há vácuo, essa movimentação toda vem gerando repercussões. Na tribuna da Assembleia, Capitão Wagner vem batendo forte no modo como a Justiça está conduzindo o processo judicial contra os 44 PMs acusados de participarem da Chacina da Grande Messejana. Os desdobramentos do caso afetarão frontalmente o secretário seja qual for a sentença. Por outro lado, a política de confronto direto ao crime organizado fez com que os índices de homicídios voltassem a crescer, como o próprio secretário reconheceu semana passada. Trata-se de uma estratégia arriscada ainda mais se não vier seguida de uma maior e mais permanente presença estatal nas áreas ocupadas. Isso é algo que não cabe somente à SSPDS, mas ao Governo, à Prefeitura e à sociedade como todo. Em se tratando do combate à violência é preciso que todos esses atores façam valer o bordão do secretário e também possam dizer “tamo junto”.
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