O deputado estadual Manoel Santana (PT) afirmou ontem na Assembleia Legislativa que está preocupado em ver a cada dia uma agressão maior ao Estado Brasileiro. "Ouvi o presidente da Câmara dos Deputados (Rodrigo Maia) dizer que vai trabalhar por uma agenda que reduza ainda mais o papel do Estado e, agora, em todos os jornais se anuncia que vai privatizar os Correios. Essa é uma sequência de movimentos que será feita para retirar o papel do Estado de praticamente todas as importantes instituições", analisou.
O mesmo assunto foi tratado pelo deputado Carlos Felipe (PCdoB). Ele reforçou que a terceirização vai prejudicar principalmente os jovens e afetará atividades antes proibidas de serem terceirizadas. "Cargos como os de vigilantes e serviços gerais já eram terceirizados, e agora também serão os cargos de médicos, professores, engenheiros, advogados e jornalistas".
Ele ressaltou que o projeto votado e aprovado na Câmara dos Deputados na última semana não seria o mesmo que a ex-presidente Dilma Rousseff defendia quando estava à frente do País. "Esse é o de 1998 e não o de 2015, como se tem pregado. Dizer que o projeto é da ex-presidente não é verdade", rechaçou.
Crime
A principal mudança, segundo informou, estaria na permissão de terceirizar a atividade-fim. "Isso é regime de escravidão. O Parlamento cometeu um crime com a população e com nossos filhos", criticou, reconhecendo que a regulação deveria existir, mas não da forma como foi colocada. "É importante que a sociedade brasileira veja o que está sendo feito. É um crime contra o trabalhador e atinge diretamente as classes média e a mais humilde", alertou.
Em aparte ao pronunciamento de Carlos Felipe, o deputado Ferreira Aragão (PDT) questionou como estariam hoje Leonel Brizola e Getúlio Vargas se vivos fossem. "Como estariam esses homens que foram grandes defensores dos trabalhadores?". Fernando Hugo (PP) relatou que o problema da terceirização já seria realidade no Brasil, atingindo, inclusive, a classe médica em várias de suas especialidades em todo o Brasil.