Disputa interna do PTC motivou críticas nas sessões de ontem da Assembleia e da Câmara Municipal. “Vou fazer uma denúncia formal e revelar, também, que o PT pagou ao escritório do ministro do TSE (Tribunal Superior Eleitoral), Fernando Neves, para retirar Marcelo Mendes (então presidente do PTC e vereador) da disputa eleitoral. O escritório representa o PTC no Estado”, afirmou o deputado Carlomano Marques (PMDB) ao anunciar que a Prefeitura de Fortaleza “comprou” o PTC para angariar o tempo na propaganda eleitoral, visando às eleições municipais deste ano.O parlamentar prometeu acionar a Procuradoria dos Crimes contra a Administração Pública (Procap) para que seja realizada uma investigação sobre o assunto. Segundo o peemedebista, o ex-deputado Stanley Leão, que temporariamente assumiu a Presidência do PTC, agiu de forma “obscura”. De acordo com ele, o ex-parlamentar teria ido a Brasília e se “apresentado como outra pessoa”, inclusive foi expulso de uma audiência com uma autoridade por transportar um gravador dentro do bolso. Marques informou possuir documentação que comprovam as acusações contra o ex-parlamentar. PRECATÓRIONa Câmara Municipal, o assunto foi abordado pela vereadora Toinha Rocha (PSOL). Ela ressaltou que, na semana passada, uma fonte informou-lhe que a Prefeitura, por meio da Procuradoria Geral do Município (PGM), teria firmado acordo com a família do vereador Casimiro Neto (PP), sogro do ex-deputado Stanley Leão, para acelerar o pagamento de alguns precatórios, em troca do apoio do PTC ao pré-candidato do PT, Elmano Freitas. Marcelo Mendes, recém-conduzido ao cargo pela Justiça, informou que protocolou, na Procuradoria Geral de Brasília, recurso para saber quem está patrocinando a ação movida pelo ex-deputado Stanley Leão. Isso porque, segundo ele, o PTC não possui recursos partidários e, por se tratar de gastos públicos, exigi-se transparência. Casimiro, porém, rebateu as acusações. Visivelmente irritado, o parlamentar afirmou que a denúncia era “imoral” e pediu que as provas deste suposto esquema fossem apresentadas. “Não é verdade. Até agora, não tinha me pronunciado sobre o assunto por não pertencer ao PTC. Agora, exijo respeito. Minha família tem histórico de trabalho na política e ninguém nesta Casa nunca ouviu falar em denúncia contra mim. Se alguém quer denunciar, é preciso ter prova”, salientou o progressista, ressaltando que, quanto ao campo pessoal, não irá se calar, pois estão tentando confundir a opinião pública. “GARGANTA DE ALUGUEL”Ao jornal O Estado, Stanley Leão classificou as denúncias de “levianas e irresponsáveis”. Ele afirmou, ainda, que acionará a Justiça contra o deputado Carlomano Marques, pois, segundo ele, o deputado não possui “moral” para realizar qualquer acusação à sua família. Conforme o ex-parlamentar, o peemedebista está servindo de “garganta de aluguel” para o vereador Marcelo Mendes. Stanley, porém, afirmou que a saída de Mendes da presidência deu-se por desrespeito ao estatuto do partido. Negando, assim, qualquer interferência do PT ou da Prefeitura na decisão da cúpula nacional do PTC. “[Marcelo Mendes] colocou na cabeça que o PT comprou o partido. Será mesmo que o PT iria se sujar com um partido que possui menos de um minuto de propaganda partidária?”, questionou. (Laura Raquel, da Redação) SAIBA MAISEm abril, uma decisão do diretório nacional do PTC destituiu do cargo o vereador Marcelo Mendes, à época presidente estadual do partido, e conduziu o ex-deputado Stanley Leão ao cargo. Este, porém, determinou apoiar o pré-candidato do PT à Prefeitura de Fortaleza. Ontem, por unanimidade, o Tribunal de Justiça do Distrito Federal (TJDF) negou o recurso da executiva nacional do PT e manteve a decisão anterior garantindo que Marcelo Mendes retorne à presidência do partido. Há onze dias, o Tribunal já havia determinado o retorno do parlamentar ao cargo. A nova decisão, segundo o vereador, não cabe mais recurso.