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Quinta, 22 Dezembro 2016 04:57

Coluna Politica

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Prenúncio de uma disputa sem limites A extinção do Tribunal de Contas dos Municípios (TCM) dá a noção do que serão capazes os grupos políticos na disputa pelo poder no Ceará em 2018. O que a Assembleia Legislativa aprovou ontem foi a mais drástica alteração na estrutura de governança do Estado desde a Constituição de 1988. E a única real motivação é o revanchismo, a fragilização de adversários. É a mostra cabal de que não haverá limites no que o bloco governante será capaz de fazer para se sustentar.   A decisão de ontem foi extrema e atropelada. O grupo governante fez isso porque tem votos para tal. Quis mostrar que pode e que exerce sua hegemonia.   O recado foi: manda quem pode, obedece quem tem juízo Além de tudo, deu recado aos adversários. E fez isso a toque de caixa, para não deixar dúvidas sobre o tamanho de seu poder e, também, para não dar tempo de os inimigos dentro do TCM agirem.   Quem conviveu de perto com o grupo Ferreira Gomes costuma dizer que eles são os melhores aliados e os mais temíveis adversários. Domingos Filho, presidente do tribunal extinto, já foi parceiro preferencial. Hoje, conhece a outra face. É o inimigo a ser dizimado.   DECISÃO ATROPELADA É lastimável que mudança de tal forma estrutural sirva a interesses rasteiras de ocasião. Mudança de tal modo drástica teve tramitação de menos de duas semanas. O Ceará teve dois tribunais de contas por décadas. Agora, da noite para o dia, a Assembleia decidiu mudar isso e entendeu que a decisão não podia esperar. O debate foi prejudicado. Foi raso. Os dados que embasariam a mudança não foram apresentadas. Ninguém sabe ao certo como se dará o funcionamento do novo e ampliado Tribunal de Contas do Estado (TCE). Enfim, é uma bagunça. Faltou responsabilidade à Assembleia nessa questão. Brincaram com coisa seriíssima.   GUERRA DECLARADA O rompimento de Domingos Filho com o grupo Ferreira Gomes estava consumado, mas a extinção do TCM lança a questão em novo patamar. A dois anos da eleição, o quadro é de guerra declarada e inconciliável. Não é o estilo do grupo governante ir para briga tão aberta e precipitar decisões extremas. Não foi assim quando romperam com Tasso Jereissati (PSDB), nem com Luizianne Lino (PT) ou com Eunício Oliveira (PMDB). Todos foram cozinhados em banho-maria até se darem conta de que as ambições eram inconciliáveis. Agora, o método se tornou diferente. Uma das explicações é o quão diferente será a próxima eleição.   A interrogação é como as várias forças de oposição irão se articular. O senador Eunício Oliveira, prestes a se tornar presidente do Senado, é pré-candidato.   Capitão Wagner (PR) passou a ser opção. Há quem acredite que Tasso Jereissati (PSDB) possa ser alternativa. Sua disposição para entrar na disputa é bastante duvidosa, mas será ator crucial nas articulações. Domingos Filho é outro ator nesse jogo. Estarão todos juntos em torno de um só nome ou disputarão entre si?   Tasso, Eunício e Wagner já vêm juntos desde 2014. Os dois primeiros estão atrelados ainda mais pelas circunstâncias nacionais. O Capitão não tem as mesmas amarras, mas depende do apoio de ambos para ter estrutura em uma eventual candidatura. Domingos é a novidade. Tem outros vínculos e tem adotado estratégia distinta. Algum deles estará disposto a abrir mão dos projetos para uma composição?   A dissidência de Domingos Filho abre fissura importante no bloco governista. Bem mais que Tasso e Wagner e pelo menos tanto quanto Eunício, o líder político de Tauá lidera influente bloco parlamentar e tem ampla sustentação de prefeitos. Ele encorpa a oposição. Nos próximos meses, todavia, prefeitos e parlamentares ligados a ele devem passar a ser alvos de intenso assédio.   Em qualquer cenário, é fato que o grupo Ferreira Gomes jamais teve pela frente semelhante oposição.   CENÁRIO NACIONAL Para começar, pela primeira vez em uma década, o grupo Ferreira Gomes está na oposição federal. Em todas as vitórias, a parceria com Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e Dilma Rousseff (PT) foi determinante nas vitórias. Agora será diferente.   Por outro lado, a possível candidatura presidencial de Ciro Gomes (PDT) será um trunfo poderoso. Pelo histórico, sua votação no Estado será estrondosa. O que o fará alavancar votos para quem apoiar para governador. Esse fator provavelmente será o maior dificultador para a oposição estadual.   Há outras variáveis diversas. Eunício está na lista da Odebrecht e não se sabe como a questão pode evoluir. Com a extinção do TCM, é duvidoso qual poder de fogo Domingos irá manter. Em qualquer cenário, o que é certo é que a recomposição está fora de questão.
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