A primeira sessão da Assembleia Legislativa, após o recesso parlamentar, foi marcada pelo debate de temas conhecidos e já amplamente discutidos ainda no primeiro semestre: seca e segurança. Os deputados estaduais voltaram a apontar falhas na gestão pública e cobraram ações efetivas para solucionar problemas que afetam a vida dos cearenses. Aliados do governo estadual, no entanto, ressaltaram que o problema é nacional.   O deputado Ferreira Aragão (PDT) chegou a afirmar que o Brasil está se transformando na Colômbia dos anos 1990, em termos de violência. Segundo o parlamentar, o crescimento do crime organizado em todo o País é responsável pelas ações que aconteceram nos estados da Paraíba e do Rio Grande do Norte, com armamento superior ao dos policiais.   De acordo com ele, 69 ônibus foram incendiados no Rio Grande do Norte, porque o Governo do Estado promoveu o bloqueio de celulares nos presídios estaduais, e o crime organizado reagiu. O pedetista frisou que os pactos realizados entre as facções criminosas reduziram o número de homicídios. Porém, a violência contra a população continua. “Enquanto isso, o Tribunal Federal soltou o tesoureiro do PCC. O STF não sabe o que está acontecendo. Ele foi preso em Fortaleza sequestrando e explodindo bancos. Enfrentou a polícia a tiros, depois de ter feito várias ações criminosas. Mas agora está solto porque a Justiça não colabora no combate ao crime organizado”.   A deputada Aderlânia Noronha (SD) disse que, em Parambu, na última quarta-feira, os bandidos arrombaram cofres de um banco e, em todas as ruas paralelas ao estabelecimento, havia carros de apoio com armas pesadas. “Foi um verdadeiro terror. Na sexta-feira, a cena se repetiu em Pedra Branca e depois na cidade de Tamboril. Está faltando providências do Estado para fazer frente ao crime”, reclamou.   O deputado Roberto Mesquita (PSD) também comentou os recentes episódios de violência registrados no Rio Grande do Norte. De acordo com o parlamentar, a situação é semelhante a do Ceará, pois os incidentes estão vindo a tona após a decisão do Governo potiguar de bloquear o sinal de celulares nos presídios.“A violência não é só no Ceará, pois deixou de ser uma particularidade de um estado só, eclodindo de forma sistêmica em todo o País, e necessita de um debate sério e aprofundado dentro dos parlamentos e pela sociedade”, destacou.   O líder do Governo na Assembleia, deputado Evandro Leitão (PDT), comentou que os recentes episódios de violência registrados em diversos estados exigem uma reflexão profunda sobre o modelo de segurança pública nacional. “O que tem acontecido no Rio Grande do Norte é um retrato do que ocorre em todo o País, infelizmente. Isto estimula o aprofundamento de uma reflexão sobre o Estado que queremos e o sistema de segurança que queremos”, avaliou o pedetista.   Seca Já o deputado Fernando Hugo (PP) ressaltou a problemática do quinto ano consecutivo de seca no Estado. Segundo o parlamentar, a estiagem deve ser debatida e tratada desprovida de políticas eleitorais. “Temos que dar as mãos e desnudos de ranços políticos e partidos, olhar para o povo que está sofrendo com a seca”, propôs.   O presidente da Assembleia, deputado Zezinho Albuquerque (PDT), salientou que o Estado já gastou mais de R$ 200 milhões com adutoras e poços profundos. “Tudo o que pode ser feito está sendo feito pela Secretaria de Recursos Hídricos, Companhia de Gestão dos Recursos Hídricos e Superintendência de Obras Hidráulicas. O secretário dos Recursos Hídricos , no final do semestre, esteve na Casa debatendo o assunto e, se necessário, com certeza, vai voltar à Assembleia para que possamos junto com os parlamentares debater a estiagem no Estado e as ações que estão sendo feitas”, enfatizou.   O deputado Walter Cavalcante (PP) reiterou a importância de não politizar o debate sobre a estiagem. “Não podemos transformar esse caos em bandeira política. Precisamos ver os problemas da seca no Ceará como um todo e não podemos usar a desgraça do povo para fazer política”, acrescentou. O deputado também ressaltou a importância de campanhas de conscientização do uso da água. O deputado Dr. Santana (PT) afirmou que o Ceará precisa de um projeto a longo prazo, além das medidas imediatas. O deputado Carlos Felipe (PCdoB) destacou que a AL está fazendo um papel importante na transposição das águas. “A Assembleia está acompanhando as obras no local e se empenhando nesse trabalho”, disse.