Um "divisor de águas" para Heitor Férrer O deputado Heitor Férrer balançou o ambiente político, ontem, com a repercussão de suas doces palavras em direção ao político Tasso Jereissati na noite de segunda-feira, durante solenidade na Assembleia Legislativa pelos 30 anos do Shopping Iguatemi. Vale um pouco de memória: durante os oito anos da segunda passagem de Tasso pelo governo, entre 1995 e 2002, o Heitor em questão foi um dos mais duros oposicionistas ao governo de então. Era comum vê-lo, da mesma tribuna em que hoje ataca sem a dó a gestão Cid Gomes, fazer duras críticas ao modo tucano de governar. Sem apresentar qualquer autocrítica em relação àquilo que pensava antes - e dizia também -, o pedetista agora aparece definindo a passagem de Tasso Jereissati pelo executivo cearense como um “divisor de águas”. Surpresa geral, até mesmo para o homenageado, que até fora ao evento preparado para ouvir muito elogio. Mas não dele, não do Heitor. Heitor Férrer, se sabe, caminha para uma campanha eleitoral em Fortaleza. Já conseguiu apoio necessário no seu partido para disputar a sucessão da prefeita Luizianne Lins, do PT, apareceu bem na pesquisa que o PSB patrocinou para sentir a temperatura do eleitor da capital em relação aos pré-nomes apresentados até o momento e, quem sabe, pode ter aproveitado a ocasião para sinalizar em direção ao PSDB, de Tasso, de olho numa aliança provável. Entre os tucanos, dizia-se ontem que a hipótese sequer será considerada para uma perspectiva de primeiro turno, se esta for a intenção. Porém, se o pedetista mirar um segundo turno com suas novas descobertas sobre o que representou a era Tasso para o Ceará, ai sim, pode encontrar respaldo e correspondência futura. Agora, na cabeça do eleitor-cidadão o quadro cria uma certa confusão. Há uma expectativa de que Heitor dispute o, chamado, voto de opinião com candidatos mais à esquerda, especialmente, no caso de Fortaleza, o representante do Psol, Renato Roseno. Um segmento que costuma ser pouco simpático ao que Tasso Jereissati representa na política, indicando que do ponto de vista da estratégia existem muitas dúvidas quanto à eficácia. Porém, se o que disse o deputado é resultado apenas de uma nova avaliação que fez do que representaram os anos Tasso, caberia algum aviso antes. Do jeito que a novidade apareceu, de repente e de surpresa, até agora o que conseguiu foi chocar. SÃO LONGOS OS DIAS PETISTASO PT teve, ontem, mais um dia daqueles. O deputado federal Eudes Xavier começou a agitação anunciando, logo de manhã cedo, que na sua avaliação a aliança entre PT e PSB em Fortaleza chegou ao fim. Parlamentar muito próximo à prefeita Luizianne Lins, que àquela hora buscava espaço na agenda do ex-presidente Lula para tratar com ele da própria sucessão, a declaração merecia alguma repercussão, que veio rápido. E em dose dupla. Antônio Carlos, deputado estadual e líder de Cid Gomes na Assembleia, e Camilo Santana(foto), secretário estadual de Cidades, correram a neutralizar a manifestação de Eudes, considerando-a um pensamento isolado dentro do partido. Ao longo do dia vieram outros eventos para confirmar a agitação petista com o momento de indefinição, em meio a uma tentativa de criar unidade. A executiva municipal reuniu-se, soltou uma nota cheia de blá-blá-blá, Luizianne foi até Lula e saiu falando pouco (ou nada) dos resultados da conversa e, enfim, tudo caminha para um 3 de junho cheio de agitação. E de dúvidas.