Após discussões no Plenário da Assembleia a respeito de falhas no serviço prestado pela Companhia Energética do Ceará (Coelce), o presidente do conselho da Agência Reguladora de Serviços Públicos Delegados do Estado do Ceará (Arce), Adriano Costa, foi ontem à Casa Legislativa. Acompanhado do conselheiro Hélio Winston Leitão, ele se reuniu com os deputados Roberto Mesquita (PV), Carlos Matos (PSDB), João Jaime (DEM) e Evandro Leitão (PDT) para discutir problemas que haviam sido apontados no dia anterior.   A reunião aconteceu em uma das salas de apoio, ao lado do Plenário, onde, em alguns momentos, parlamentares e representantes da agência se desentenderam. Roberto Mesquita, munido de fatura recebida de um consumidor da Companhia Energética, mostrou que a empresa estaria fazendo cobrança dupla. "Ela cobra imposto sobre imposto e com isso o resultado final fica muito além do que deveria ser. Isso é um crime praticado contra a boa fé dos consumidores. Isto está mais do que claro e a Arce até hoje não fez a Coelce devolver o que cobrou a mais em suas contas", apontou.   Também esteve na pauta da reunião a demora para o atendimento de novas ligações, especialmente na zona rural. De acordo com João Jaime, irrigantes chegam a esperar por mais de seis meses pelo atendimento. "Isso inviabiliza a produção agrícola do Ceará, trazendo prejuízos àqueles que fazem girar a roda da economia", argumentou.   Além da irrigação, a instalação de poços profundos também estaria sendo prejudicada. A informação foi repassada pelo deputado Carlos Matos. "É um absurdo que até mesmo escolas públicas estejam funcionando com uso de geradores porque a Coelce não faz a ligação da energia, acarretando mais gastos para o Estado", expôs.   Ajustamento   Depois de ouvir as colocações dos parlamentares, o presidente da agência reguladora reconheceu a existência de falhas, principalmente no que diz respeito a novas ligações. "Temos um delay (atraso) de 18 mil ligações que não estão sendo feitas. Diante disso, a Arce já fiscalizou e autuou a empresa em aproximadamente 20 milhões de reais", disse Adriano Costa.   Segundo o presidente, a Arce já teria feito uma proposta de Termo de Ajustamento de Conduta para a Coelce zerar os pedidos de novas ligações, mas esta não teria sido acatada. Diante das reclamações, afirma Adriano, já está agendada para o próximo dia 26 a vinda de dirigentes da Aneel a Fortaleza para reunião com a presidência do grupo proprietário da Coelce e a Arce. Os parlamentares pediram cópia da ata da reunião realizada entre Aneel, Arce e Coelce.   Ainda com data a ser definida, ficou acertada uma segunda reunião entre a comissão de parlamentares com a Arce, na sede da agência. Também foi proposta a criação de uma frente parlamentar para acompanhar os serviços prestados pela Coelce. Conforme Evandro Leitão, a ida do presidente do conselho da agência reguladora à Assembleia mostrou respeito mútuo da entidade com os parlamentares e com a sociedade cearense.   "Ela (Arce) faz um bom trabalho, acompanhando os serviços prestados, mas sobretudo há uma situação que é a da população estar ou não sendo lesada, o que o presidente se comprometeu a avaliar", disse.   Vereadores   As críticas feitas na Assembleia, na terça-feira, sobre o serviço prestado pela Coelce foram comemoradas, ontem, na Câmara Municipal de Fortaleza, que conta com uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para investigar possíveis irregularidades cometidas pela empresa.   O vereador Robert Burns (PTC), membro da CPI da Coelce, destacou a alegria em ter visto que diversos deputados se mobilizaram contra aos casos de irregularidade da Companhia. Robert destacou que o deputado Roberto Mesquita apontou a necessidade de ocorrer uma mudança, pois os cearenses não desejam o serviço da Coelce. "Não serve mais para o povo essa Coelce. Trago essas questões para que a gente abra os olhos do que está acontecendo", declarou.