A abertura do impeachment contra a presidente Dilma Rousseff (PT), por parte do presidente da Câmara dos Deputados Eduardo Cunha, repercutiu e movimentou a sessão de ontem, da Assembleia Legislativa, gerando divergência, principalmente entre os deputados petistas e peemedebistas. Enquanto os parlamentares do PT classificaram a atitude de Cunha como “chantagista” e “irresponsável”, alguns deputados do PMDB defenderam a cassação do mandato da Presidente e também a saída de Cunha: “Que nem fique Cunha, nem Dilma”.
deputado leonardo araújo na foto de máximo moura
“Quero apresentar aqui a minha indignação, diante da postura e atitude do Eduardo Cunha, colocando o Brasil, inclusive, em uma situação de desestabilidade política, o que não deveria. Estou profundamente indignada diante desse pedido de afastamento, baseado na vingança, retaliação, por conta do anúncio da posição do PT no Conselho de Ética, que decidiu a favor do processo de cassação contra Eduardo Cunha”, afirmou a deputada Rachel Marques (PT), defendendo que o PT seguirá “firme” e “resistente” lutando contra o impeachment. “Não há nada ilegal e ilícito contra Dilma. O PT não vai apoiar os maus feitos de Cunha, comprovados e notórios para toda a população brasileira e não podemos em nome de uma chantagem, acatar esses maus feitos”, pontuou.
“Não é Golpe”“O impeachment não é golpe”, respondeu a deputada do PMDB, doutora Silvana. “Golpe é o que a população sofreu. O impeachment é democrático e é um instrumento garantido pela Constituição Federal”, continuou. Silvana defendeu que Dilma cometeu as chamadas “pedaladas fiscais”, porque gastou “o que não tinha para gastar”.
Fora, CunhaEm pronunciamento sobre o tema, o deputado Elmano de Freitas (PT) afirmou que Eduardo Cunha é alguém “que deve ser banido da política brasileira”. Em defesa de Dilma, Elmano disparou ainda mais críticas. “Cunha é mesmo do que há de pior, é alguém que tem coragem voluntariamente de mentir em uma CPI, dizendo que não tinha conta no exterior e, de repente, se descobre que ele tem milhões”, frisou.
Elmano de Freitas (PT) ponderou ainda que a posição de Cunha é no intuito de criar um fato político, para retirá-lo da pauta dos jornais e do processo de cassação. “O que se tem é uma disposição de uma disputa política não encerrada para alguns que perderem as eleições de 2014”, disse.
Fogo amigoJá o deputado Leonardo Araújo (PMDB) disse que não tem coragem de defender Eduardo Cunha, mesmo sendo do mesmo partido. “Estamos passando por uma crise ética, moral e, acima de tudo, de falta de bom senso por falta de homens público do nosso País. Nem fique Cunha e nem Dilma, porque estão envolvidos sim, em corrupção”, finalizou.
BastidoresEm entrevista coletiva, o presidente da Assembleia, José Albuquerque, disse que vê com muita preocupação o pedido de impeachment contra a Dilma. “Dilma Rousseff não fez nada ilícito”, pontuou. Conforme o presidente do legislativo, o processo de impeachment de Dilma também é explicado pela situação da economia. “Isso é porque a economia não vai bem, quantos países da Europa a economia não vai bem? Os Estados Unidos passou por problemas com mais de 10% de desempregados e nem por isso derrubaram o George Bush ou o Obama não. O que precisamos é unir todas as nossas forças para dar continuidade ao desenvolvimento do Brasil”, salientou.
Carlos MatosO deputado tucano, Carlos Matos, afirma que o PSDB, em nível nacional, também deverá fechar questão pela cassação do mandato de Dilma. “Acho que seria uma grande decepção para a Nação, se o PSDB e os partidos, nesse momento, não fecharem”. Conforme o tucano, o partido tem buscado agir com muita prudência, para não desrespeitar nenhuma regra e não deixar nenhuma “paixão”, atropelar o bom senso. Os partidos PDT, PCdoB e Psol, manifestaram ser contrários a ação de Cunha.
PSB nacional fecha questão por impeachmentO assunto também movimentou os bastidores da Casa. Ao jornal O Estado, o presidente do PSB, em Fortaleza, deputado Heitor Férrer, assegurou que o partido já fechou questão pelo impeachment da Dilma. “O PSB entende que como está não dá. O Brasil tem que ter um rumo e vai voltar pela cassação da Presidente”, afirmou. De acordo com Heitor, a decisão foi tomada na manhã de ontem.