O deputado Welington Landim (PSB) fez um alerta ontem, durante pronunciamento na Assembleia Legislativa, sobre a situação da saúde pública no Brasil. Ele destacou uma pesquisa realizada no País, pela Organização Mundial da Saúde (OMS), que mostra não haver falta de médicos, porém o percentual de investimento na área está bem abaixo da média.
Conforme o levantamento feito pela OMS, segundo o parlamentar, no ano de 2000, o Governo brasileiro destinava 4,1% de seu Orçamento para a saúde. Após 10 anos, a taxa subiu para 5,9%, porém está bem distante da média mundial que é de 14,3%. Além disso, a pesquisa mostrou que o Brasil é uma das 30 nações onde a população paga do próprio bolso mais de 50% dos gastos com saúde.
Apesar de a OMS informar que no Brasil não faltam médicos, não significa que o País não enfrente a falta desses profissionais em algumas unidades de saúde, conforme alertou. Segundo ele, existe uma péssima distribuição de médicos que preferem atender na Capital e nos municípios localizados nas grandes regiões. Com isso, aponta, o Interior sofre para garantir médicos para a população.
Outro problema, conforme destacou, é a tabela do Sistema Único de Saúde (SUS) que está defasada, desde consultas até cirurgias e internações. Ele cita o caso do Hospital do Cariri onde o setor de neurologia não está funcionando porque não encontra médico para trabalhar. O mesmo problema, revela, também é sentido em Fortaleza.
O setor primário da saúde, de acordo com Landim, precisa de atenção. A falta de investimento nesse setor, que é de responsabilidade do gestor municipal, acaba acarretando em problemas para os setores secundário e terciário que absorvem essa demanda. "Deixa muito a desejar o atendimento primário, isso sobrecarrega os hospitais da atenção secundária e terciária", reforçou.
Sucateada
A deputada Mirian Sobreira (PSB) alertou que a saúde primária está "totalmente sucateada" e que muitos municípios "brincam" de Programa de Saúde da Família (PSF) com equipes desfalcadas, sem médicos e contando apenas com enfermeiros.
"O Brasil sofre com o sub-financiamento e com a má gestão. Há uma péssima vontade dos políticos em resolver isso. Se a saúde fosse prioridade a Emenda 29 não teria sido votada como foi, sem dinheiro", censurou. A deputada disse ser a favor do projeto de iniciativa popular que vai solicitar do Governo Federal que 10% das receitas brutas sejam destinadas à saúde.
"Não se faz saúde sem dinheiro e sem programas financiados. Vamos lutar para que o projeto de iniciativa popular encontre uma alternativa de obrigar o Governo a priorizar a saúde", ressaltou a parlamentar. Sobreira reclamou, também, dos baixos salários de alguns dos profissionais da saúde no Brasil.