Cerca de três mil servidores municipais marcharam, ontem, por justiça fiscal, no Centro, em Fortaleza. Evento contou com representantes de 140 municípios do Ceará, além de membros sindicais de outros estados. Em sua sexta edição, a Marcha dos Servidores Municipais teve como tema “Vire o jogo! É hora da justiça fiscal, desenvolvimento e investimento público”. Os manifestantes saíram da Praça da Bandeira até o Paço Municipal, onde os líderes da marcha foram recebidos pelo prefeito Roberto Cláudio e entregaram um documento com propostas da mobilização.
FOTO: BETH DREHERFOTO: BETH DREHER
O evento foi realizado pela Federação dos Trabalhadores no Serviço Público Municipal do Estado do Ceará (Fetamce), e marcou, ainda, o lançamento da Campanha Salarial Nacional Unificada 2016 dos servidores municipais. De acordo com a organização, o objetivo da marcha é “romper com a lógica injusta e predatória do sistema tributário brasileiro, assim como enfrentar a falta de políticas de desenvolvimento local e investimento público municipal”. O evento também propõe alternativas de financiamento sustentável dos serviços públicos, enfrentando as desigualdades fiscais impostas aos cidadãos.
Para Enedina Soares, presidente da Fetamce, a caminhada pontuou o contrário do que está sendo pautado hoje no País, que é a questão do ajuste fiscal. “Os trabalhadores pagam a conta da crise. Nós entendemos que precisamos fazer justiça fiscal, que significa fazer a reforma tributária e colocar o sistema tributário brasileiro no combate às desigualdades”, explicou.
DesigualdadeSegundo dados apresentados pela organização da marcha, 1% da população do Brasil detém 30% da riqueza produzida pelo País. No mundo, a estatística é ainda maior, 1% segura em torno de 50% da riqueza. “Se uma distribuição de renda e a justiça fiscal fossem implementadas, nós teríamos uma renda média de R$ 5.500 para cada família de até quatro pessoas. Significa que as misérias que estão colocadas para milhares de pessoas do mundo inteiro, como a fome, a migração e quadros de extrema pobreza não estariam acontecendo”, apontou Enedina.
Ela destacou que a maior luta da Fetamce é o direito a cidade. “Queremos combater as desigualdades no cenário onde a postura dos gestores municipais é de muito comodismo, de aguardar apenas os repasses do Governo Federal. O desenvolvimento local é pouco incentivado. Hoje, nós vivemos em um cenário onde os trabalhadores estão pagando com a crise, em um contexto onde cada vez os bancos estão lucrando mais e os ricos estão cada vez mais ricos”, criticou Enedina.
CompromissosDurante o encontro com o prefeito de Fortaleza, foi apresentado uma carta compromisso, para que ele firme o pacto com a justiça fiscal, colocando o sistema tributário de Fortaleza a serviço de combater as desigualdades.
Ainda na tarde de ontem foi realizado uma audiência pública, na Assembleia Legislativa, para discutir o tema da marcha. Na ocasião, foi entregue a representantes do governo municipal, estadual e da Associação dos Municípios do Estado do Ceará (Aprece) as propostas da “Plataforma Cearense para a Justiça Fiscal, o Desenvolvimento Local e o Investimento Púbico”, criada pela Fetamce.