A prolongada escassez de chuvas no Ceará repercutiu ontem na Assembleia Legislativa. Em tom de cobrança, Heitor Férrer (PSB) propôs que parlamentares criem um grupo que ele chamou de "sãofranciscômetro" para fiscalizar in loco andamento das obras da Transposição das Águas do Rio São Francisco e do Cinturão das Águas. > Vereadores sugerem ações contra crise hídrica "Há promessa de que a transposição seja entregue em dezembro de 2017, mas até lá, segundo as previsões meteorológicas, vamos enfrentar uma das secas mais perversas dos últimos 100 anos, porque em 2016 será dado continuidade à seca que se arrasta desde 2012", relatou. Heitor alertou que não adiantaria construir novos reservatórios, já que "não há como armazenar água se não tem chuvas". O parlamentar reforça que a solução para a falta de água seria a Transposição, mas ponderou que ela depende de obra iniciada na gestão do ex-governador Cid Gomes, Cinturão das Águas. O projeto prevê a construção de 1,3 mil quilômetros de canais, sifões e túneis que levarão água para 12 bacias hidrográficas do Ceará. "Temos que cobrar a conclusão do Cinturão porque dele depende que a água do São Francisco chegue ao Ceará", alegou. Ely Aguiar (PSDC) disse concordar com a criação de um grupo para acompanhar as obras e acrescentou que o Governo não acata questões que não partam de sua base aliada. "Um projeto de minha autoria que foi aprovado na Assembleia diz respeito à criação do Fórum Permanente de debate sobre os Recursos Hídricos do Estado e cadê que saiu do papel?", questionou. Joaquim Noronha (PP) informou a Ely Aguiar que até a base aliada tem ficado sem resposta por parte do Governo. "Mas que ele fique bem tranquilo que, mesmo sendo da base aliada, pelo menos este deputado não tem tido seus requerimentos atendidos e sequer respostas da Secretaria de Recursos Hídricos no tocante aos pedidos de perfuração de poços", relatou. "Quem sabe a necessidade da perfuração de poços são os deputados que têm suas bases políticas ligadas aos prefeitos e vereadores, essas pessoas têm conhecimento de onde deve ou não perfurar os poços", complementou o deputado. Inerte Leonardo Pinheiro (PSD) reconheceu a importância do debate e afirmou que o Governo não está inerte. "Tanto que reconheceu e decretou situação crítica de falta d'água. Isso possibilita fazer taxação nas contas de quem não pratica a economia. E agora, mais recente, a Cagece diminuiu a oferta de água em Fortaleza. São medidas que não resolvem, mas mostram preocupação com a causa", destacou o parlamentar. A deputada Aderlânia Noronha (SD) afirmou, ontem, que o município de Parambu está construindo, por conta própria, 100 adutoras e uma rede de distribuição de água. "Precisamos fazer algo, pois as ações do Governo do Estado não correspondem às nossas demandas e vivenciamos uma situação de descaso", avaliou. Segundo a parlamentar, o Governo do Estado providenciou a construção de uma adutora no município, "que mal chegou a funcionar, pois a água acabou logo em seguida", alegou a deputada estadual.