Justificando divergências internas com a Executiva Nacional do PSB e alegando terem sido preteridos do processo de reorganização da sigla no Ceará, os irmãos Eliane e Sérgio Novais oficializaram, ontem, após quase 30 anos de filiação, o desligamento do PSB.
O ponto crucial da insatisfação envolve a articulação que culminou na filiação do deputado Danilo Forte. O ex-peemedebista ingressou na legenda e assumiu a presidência do PSB, excluindo os “Novais” dos quadros de comando do PSB (presidência, secretaria geral ou finanças).
A reviravolta causou surpresa e movimentou os bastidores político, tendo em vista que, no último dia 11, Eliane e Sérgio participaram do ato de filiação de Danilo Forte na Assembleia Legislativa, e comemoraram com boas expectativas o rumo do partido no Estado, principalmente, com a chegada do deputado Heitor Férrer na legenda.
“A motivação de nossa saída é o descontrole e o desequilíbrio que a nacional impôs e está impondo em algumas cidades”, afirmou Sérgio Novais ao esclarecer a desfiliação da legenda, durante coletiva de imprensa, na manhã de ontem, na Assembleia Legislativa.
Nos bastidores aponta-se que a chega do deputado Danilo Forte, na legenda, inviabilizou e contrariou o projeto dos irmãos que haviam, recentemente, levado para a sigla, o ex-deputado Roberto Pessoa, que chegava no grêmio como peça importante para fortificar o PSB no Ceará, tendo em vista sua capacidade de dialogar com outras lideranças e partidos como PMDB e PSDB.
“Não tenho nada contra Danilo, a história dele está aí. Quem quiser investigar, investigue... Quem chamou ele de aventureiro e oportunista não foi eu”, disse.
Segundo ainda Novais, houve um desgaste sofrido há poucos meses com o PSB nacional, pela “ameaça” de os Ferreira Gomes voltarem à sigla. O agora ex-dirigente do PSB afirmou que ao decidirem sair do Pros, Ciro Gomes fez dois contatos com lideranças do PSB. “Ciro entrou em contato, em São Paulo, com o vice-governador Márcio França e com o deputado federal Beto Albuquerque, que foi vice de Marina Silva, nas eleições presidenciais de 2014. O prefeito de Fortaleza, Roberto Cláudio, foi a Recife fazer contato com o governador Paulo Câmara e com o prefeito Geraldo Júlio”, revelou.
Novais ressaltou ainda que o grupo histórico resistiu no PSB durante passagem dos Ferreira Gomes, em função de que contavam com a “proteção” do ex-presidente da legenda, Miguel Arrais, realidade diferente de hoje, com Carlos Siqueira. “Eu fiquei três anos na presidência do partido com a entrada dos Ferreira Gomes. Eles [os Ferreira Gomes], tinham que ter cuidado, porque tinha uma ala divergente e plural no partido”, acrescentou.
Sérgio Novais, que não pretendia disputar nenhum cargo, afirmou em tom de brincadeira que o episódio o despertou a concorrer para algum quadro. Quanto a conversa com Carlos Siqueira ao anunciar que iriam deixar a sigla, afirmou que “foi dramática”, como fim “de um relacionamento”.
Danilo
O deputado Danilo Forte, novo presidente estadual do PSB no Ceará, não quis comentar as críticas de Sérgio e Eliane Novais.