Com apenas 16% de capacidade nos reservatórios de água do Ceará, os deputados estaduais temem que, em 2016, o Estado viva o ciclo de seca de cinco anos mais grave desde 1910. De acordo com os parlamentares, a transposição do Rio São Francisco é um único mecanismo para evitar problemas de abastecimento nos próximos anos nos municípios e, principalmente, em Fortaleza.
“Soube que a água que chega a Quixeramobim está de vindo de Caucaia. Onde estão as estações móveis de tratamento que estão para ser compradas desde 2013? É importante que o Governo nos dê uma resposta rápida, pois nossos reservatórios só contam com 16% da sua capacidade”, cobrou o deputado Carlos Matos (PSDB), ontem, na tribuna da Assembleia Legislativa.
“Não temos nenhuma ideia de como vamos lidar com essa situação nos próximos meses”, acrescentou o tucano, pedindo que uma delegação do Governo vá a Casa e mostre alguma previsão.
O vice-líder do Governo, deputado Leonardo Pinheiro (PSD), frisou que a Assembleia Legislativa tem feito esforços para amenizar a problemática no Estado, mas salientou que a Transposição é a única saída, caso se confirme o prognóstico da Funceme, de ser 2016 mais um ano de seca. “Os deputados vão destinar 50% das suas emendas para o combate à seca. A Assembleia tem procurado trabalhar junto ao Governo do Estado e junto com os deputados federais para que por meio de uma mobilização, mais recursos federais venham para o Ceará”, disse Leonardo Pinheiro.
Conforme ainda o deputado, o governador Camilo Santana também tem se preocupado com a problemática e tem realizado ações de construção de adulteras de engate rápido, além de perfuração de poços profundos. “Obviamente não resolve, algumas regiões não dão água e os poços estão secos, além da qualidade da água ser salobra. A solução de convivência com a seca passa pela transposição, mas tememos que a crise econômica afete as obras da transposição”, afirma.
A deputada Fernanda Pessoa (PR) aponta a necessidade se a Casa pressionar a bancada federal e os senadores para que os recursos sejam garantidos ao Ceará. “Muito complicada a situação, a gente tem que pedir que chova”, criticou a deputada, dando conta de que a “Assembleia já fez relatórios, reuniões em comissões, mas a problemática da seca só se agrava”.
Na mesma linha, o deputado Heitor Férrer (PDT) também afirma que a Transposição é a única “saída” para que o Ceará não morra de cede. “A água de Fortaleza vem do Castanhão, por exemplo, portanto, isso uma hora vai cessar. Até o final deste ano está garantido, mas em 2016, tenho minhas dúvidas”, chama atenção.
Para o governador Camilo Santana, as águas dat “precisam chegar mesmo ao Ceará em 2016”, como promete o Governo Federal. Segundo o governador, em uma das visitas do ministro da Integração Nacional, Gilberto Occhi, ter esta água no próximo ano, foi o principal pedido que fez a presidente Dilma Rousseff, em audiência no mês de maio.
“Quando o Eixo Norte da transposição for entregue, a água do rio chegará ao Sul do Estado, pela barragem do Jati e seguirá pelo Cinturão das Águas até o Açude Orós. De lá, ela corre pelo rio Jaguaribe até alcançar o açude Castanhão, em Alto Santo. É ele quem já abastece a Região Metropolitana através da canalização de 250 quilômetros”, explica Camilo Santana.