Terminado o ciclo de chuvas, representantes das pastas de Recursos Hídricos e de Desenvolvimento Agrário voltaram a Assembleia, ontem, para esclarecer os parlamentares sobre a situação enfrentada pelo Estado e apresentar realizadas pelo Governo para conter os efeitos da seca. De acordo com o secretário de Recursos Hídricos, Francisco Teixeira, as chuvas deste ano não recarregaram os reservatórios e o cenário é preocupante. Segundo o gestor, a reserva de água do Estado é a mais baixa desde o fim dos anos 1980. "Mesmo depois do período chuvoso, estamos com 19,5% da capacidade dos reservatórios do Estado. E boa parte da reserva é concentrada nos açudes Castanhão e Orós, que merecem atenção muito especial por serem a fonte de abastecimento de Fortaleza e da Região Metropolitana", disse. Por ser o quarto ano seguido de chuvas abaixo da média, Teixeira destacou que a estiagem deste ano se diferencia da dos anos anteriores por começar a atingir zonas urbanas. Para conter o avanço, ele destacou que o Governo, desde a gestão passada, tem se empenhado em construir adutoras de engate rápido para assegurar o abastecimento humano. "Mas essa alternativa se limita porque muitos reservatórios já estão secos ou com volume morto", salientou. Com as reservas de água cada vez mais distantes das cidades, o gestor apontou que a alternativa restante está na construção de poços profundos. "E este é um estado pobre em água subterrânea, com exceção da região do Cariri. Como maior parte do Ceará está em solo cristalino, a água é pouca e, muitas vezes, salobra". Mesmo assim, segundo Teixeira, já foram escavados 289 poços profundos em áreas urbanas e a meta é que, até o final do ano, sejam perfurados 700. Crise Ele citou como exemplo o município de Boa Viagem, onde, após enfrentar grave crise devido ao açude que abastecia a cidade ter secado, o Governo construiu 42 poços profundos. "Outra cidade que merece destaque é Quixeramobim, onde construímos 36 poços. Em Mombaça, foram 16, onde encontramos vazão próxima do que era necessário. São os poços que estão salvando a cidade do colapso", apontou o secretário. Teixeira lembrou a realização do leilão reverso para a contratação de empresas que perfuram poços na zona rural. "No leilão, a previsão de custos era em torno de R$ 14 milhões e conseguimos licitar por pouco mais de R$ 10 milhões", informou. Segundo ele, as empresas já começaram a execução dessas ações, com a instalação de sistemas simplificados. Fazendo o aditivo, explica, se as empresas "se comportarem bem", serão instalados 563 sistemas. Abastecimento O gestor apontou que uma das ações cotidianas da secretaria é a manutenção da Estação de Bombeamento (EB) Pacoti Auxiliar, que é um sistema de emergência para o abastecimento de Fortaleza. "Caso tenhamos um novo ano de seca em 2016, vamos nos preparar para, no segundo semestre do ano que vem, usar o sistema de emergência", apontou, lembrando que a previsão é que a Transposição das Águas do Rio São Francisco seja concluída ao final de 2016. Em relação às ações da Secretaria de Desenvolvimento Agrário (SDA), o coordenador de Desenvolvimento da Agricultura Familiar, Emanuel Itamar Lemos, destacou ações da pasta como o projeto São José, voltado para o abastecimento de água, esgotamento sanitário, reuso de água e implantação de projetos produtivos. Citou ainda a instalação de 274 mil cisternas e 1.365 sistemas para abastecimento da agricultura familiar para municípios de até 50 mil habitantes. O coordenador Itamar Lemos lembrou ações do programa Quintais Produtivos, com a construção de 7.845 quintais desde sua implementação, em 2011. O programa permite que famílias beneficiadas utilizem a tecnologia e sejam capacitadas para gerir recursos hídricos para produção de alimento, com a utilização do sistema simplificado de irrigação, além de possibilitar a troca de conhecimento entre agricultores. Ele também destacou as ações dos programas Repalma e Paulo Freire, para auxiliar pequenos agricultores.