Alguns deputados estaduais relembraram, ontem, na Assembleia Legislativa o golpe militar de 1964, por ocasião do dia 31 de março – início da ditadura militar. O primeiro a trazer o assunto à tona foi o deputado Ely Aguiar (PSDC). Na sua avaliação, o País tinha “uma tendência de ir para o comunismo. Não houve iniciativa própria das forças militares, mas houve uma iniciativa popular, mobilização da imprensa, da igreja e entidades de classe, e, por isso, aconteceu o golpe militar”.
Já o deputado Fernando Hugo (PSDB) afirmou ser “oportuno” tratar do assunto, colocando-se contrário a nova intervenção militar. “Tivemos movimentos extremamente violentos como a Guerrilha do Araguaia. Aquelas pessoas não estavam ali para distribuir flores. Elas sequestravam e matavam exatamente como nas guerrilhas urbanas, tendo como exemplo a Revolução Cubana e a Chinesa. Se o regime comunista tivesse sido implantado aqui, a realidade seria bem pior”, declarou o deputado.
Ao se pronunciar sobre o assunto, o deputado Renato Roseno (Psol) afirmou que, hoje, qualquer brasileiro que tenha lido um pouco de história, sabe que o nome “golpe” se enquadra de forma correta nesse período. “O golpe foi algo perpetrado por um setor veiculado ao imperialismo norte-americano. A liberdade é, fundamentalmente, a liberdade daqueles que pensam diferente de nós. Alguns podem até pensar que o golpe de 1964 foi um golpe para salvar o Brasil, mas não havia ameaça alguma naquele momento. João Goulart, então presidente na época, estava com uma agenda de reformas”, destacou.
O deputado lembrou, ainda, que muitos militares foram cassados por não concordarem com o golpe. Para ele, a atitude de golpear um governo deve ser tratada como covarde. Ainda de acordo com Renato Roseno, o período da ditadura foi marcado pela cassação de direitos civis, censura à imprensa, repressão violenta das manifestações populares, assassinatos e torturas. “Lamento que haja aqueles que por ingenuidade ocupem as ruas para falar em intervenção militar”.