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Sexta, 23 Janeiro 2015 04:36

Prefeitos usam apoio regional para conquistar vaga na AL

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Odilon Aguiar (PROS) era prefeito do município de Tauá e, nas últimas eleições, conquistou um mandato de deputado estadual Odilon Aguiar (PROS) era prefeito do município de Tauá e, nas últimas eleições, conquistou um mandato de deputado estadual FOTO:JL ROSA
  Com domínio de redutos políticos regionalizados, prefeitos e ex-gestores têm usado o cargo no Executivo municipal para alçar voos para o Legislativo. Dos 23 parlamentares que renovam a atual bancada da Assembleia Legislativa, que hoje tem 46 deputados estaduais, seis foram prefeitos recentemente ou são parentes diretos de gestores. Enquadram-se nessa situação Agenor Neto (PMDB), de Iguatu; Jeová Mota (PROS), de Tamboril; Odilon Aguiar (PROS), de Tauá; Augusta Brito (PCdoB), de Graça; e Robério Monteiro (PROS), de Itarema, que estiveram no poder até 2012. Carlos Felipe (PCdoB), reeleito prefeito de Crateús em 2012, renunciou ao cargo depois de cumprir um ano do segundo mandato para concorrer à vaga na Assembleia. Agenor Neto já havia exercido mandato de deputado antes de assumir como prefeito. Em quase todas as situações, os parlamentares que já ocuparam cargos de prefeito no Estado foram os mais votados na disputa por uma cadeira de deputado em seus municípios. A exceção ficou para a deputada eleita Augusta Brito, que, por apenas 415 votos, ficou atrás do presidente da Assembleia Legislativa, José Albuquerque (PROS), na votação para deputado estadual no município de Graça. Além de ter sido prefeita da cidade, Augusta contou com o apoio do marido, Gadyel Gonçalves, que é prefeito de São Benedito. Na opinião de especialistas entrevistados pelo Diário do Nordeste, a tendência é que gestores bem aprovados em seus municípios de origem continuem na política atuando em outros cargos. "São lideranças locais que se notabilizaram e que se elegeram, se tornando lideranças estaduais", aponta Mirtes Amorim, professora aposentada de Filosofia Política da Universidade Federal do Ceará (UFC). De acordo com o cientista político Paulo Baía, professor da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), gestores de municípios do Interior têm vantagem sobre os concorrentes devido à experiência com eleições anteriores e pela proximidade com eleitores. "Eles conseguem boas alianças com deputados federais que facilitam o financiamento das suas campanhas. Além de candidatos, (os prefeitos) são bons cabos eleitorais", destacou. Rejeitados Paulo Baía pondera que, para obter êxito na eleição, os ex-prefeitos não podem ser rejeitados pelos eleitores, uma vez que eles serão lembrados pelo motivo da rejeição nas urnas. Ainda segundo o professor, em média 20% a 25% das assembleias legislativas estaduais do País são compostas por ex-prefeitos ou secretários dos municípios. No caso da Assembleia Legislativa do Ceará, 19,5% dos deputados da próxima legislatura são ex-prefeitos - quando somados aos que são parentes diretos dos gestores, a proporção sobe para 32%. "Isso não aconteceu apenas no Ceará, mas em todo o Brasil. É uma tendência nacional", pontuou Baía. No sentido contrário, há aqueles que começam a carreira política como deputado para somente depois disputar prefeituras, como fez o prefeito de Fortaleza, Roberto Cláudio (PROS). "A eleição de um prefeito pode ser caminho para deputado, como deputado pode ser prefeito ou cargos ainda mais altos", reforça Osmar de Sá Ponte, professor do departamento de Ciências Sociais da Universidade Federal do Ceará. Segundo o professor universitário, as lideranças de cidades menores acabam aglomerando votos em outras regiões e passam a defender os interesses de um conjunto de municípios, que ganham destaque a partir do potencial eleitoral que possuem. "Se o município tem pouco voto, às vezes sofre consequência de pouco apoio político. Infelizmente, a necessidade dos municípios não são o único fator", ressalta o acadêmico. Prejudicados O professor Osmar de Sá Ponte ponderou, entretanto, que, na atual estrutura, municípios com menor número de habitantes acabam sendo prejudicados por conta da falta de representatividade eleitoral. "A quantidade de votos que tem é decisiva para determinar o acesso a políticas públicas. Um município pequeno pode acabar ficando numa situação de maior vulnerabilidade", acrescenta. Na opinião da professora Mirtes Amorim, a defesa de demandas locais é positiva à medida que visem à melhora da vida dos cidadãos, e não apenas a atender aos interesses privados de um determinado núcleo político. "É bom que os municípios sejam revigorados. A melhoria repercute no Estado como um todo, só soma", apontou.
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