O deputado Lucílvio Girão já subiu à tribuna da Assembleia Legislativa, em outros momentos, para pedir mais atenção aos equipamentos de Saúde
FOTO: JOSÉ LEOMAR
O deputado Lucílvio Girão (SD) subiu à tribuna, na manhã de ontem, para relatar dificuldades enfrentadas pela área da Saúde no Estado. Segundo o parlamentar, muitos hospitais da Capital e do Interior estariam fechando ou reduzindo o número de leitos por conta da falta de financiamento público. "Há 18 anos não há correção da tabela do Sistema Único de Saúde (SUS). Não dá para sobreviver um dono de hospital desse jeito", apontou.
De acordo com Girão, vários hospitais, como o Gomes da Frota, na Avenida Aguanambi, foram fechados ou deixaram de atender pelo SUS em razão das dificuldades em cumprir a demanda com baixo orçamento. Ele aponta que o Governo do Estado tem "boa vontade" e atribui o problema à União. "O que tem que aumentar são os procedimentos lá em Brasília. Com esse valor aí é totalmente inviável", ressalta o deputado em relação aos valores do SUS.
Lucílvio Girão, em várias oportunidades, já reclamou dessa mesma questão, ao apontar os prejuízos da população mais carente, no Interior do Estado, que não tem como hospitalar uma pessoa da família, na maioria dos municípios cearenses.
O problema atinge a todas as áreas da saúde, a partir do atendimento a crianças e de parturientes, passando pelos problemas de média complexidade. No Interior, os hospitais regionais inaugurados pelo Governo do Ceará, em Juazeiro do Norte e Sobral, supriram parte da deficiência de leitos. O hospital de Quixeramobim ainda não funciona, mas também vai contribuir para minimizar o sofrimento da população daquela área.
Incompatível
Os hospitais particulares fecham as portas por falta de estrutura para atender a população pobre, uma vez que a tabela do SUS é incompatível com os gastos reais da rede hospitalar, sem se falar no pagamento ao profissional médico.
O parlamentar destacou que foi o ex-ministro da Saúde e cardiologista Adib Jatene, falecido recentemente, um dos precursores da criação da Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira (CPMF) para ampliar os recursos destinados ao setor. "Ele foi quem levantou esta bandeira. Foi ao Congresso e convenceu todo mundo de que era importante. Infelizmente, decepcionou-se porque esse dinheiro foi desviado. Isso é que faz medo", afirmou.
Lucílvio afirmou ser a favor "até certo ponto" sobre o retorno da CPMF, vulgarmente conhecida como o "imposto do cheque". Para o parlamentar, a contribuição somente é vantajosa se de fato todo o recurso arrecadado for investido na Saúde. "Sou até um ponto a favor, mas tenho medo que esse recurso seja desviado novamente", admitiu o parlamentar. Além da saúde, parte da arrecadação da CPMF foi convertida em investimentos para outras áreas.
O deputado Welington Landim (PROS), em discurso pela ordem, endossou o pronunciamento do colega, acrescentando que a diminuição de leitos no Estado se deu em razão dos hospitais conveniados, e não do Estado. "Não tinha hospital que aguentasse", afirmou.
Citando dados de São Paulo, Landim destacou que a fila para cirurgias eletivas aumentou de 256 dias, em média, para 284. O estado paulista, segundo Landim, precisava construir 44 unidades de saúde, mas, por falta de recursos, só conseguiu construir 10. "Ou vamos ter de diminuir tudo para financiar a saúde ou vamos ter de recriar a CPMF", defendeu o parlamentar.