Ao passar por Fortaleza, o escritor, teólogo e professor Leonardo Boff analisou o atual cenário político do Brasil. Para o escritor, a presidenciável Marina Silva (PSB) é uma “aventureira” na política, e Aécio Neves representa a tradição do “neoliberalismo”. Na noite de ontem, Boff proferiu uma palestra no Sindicato dos Bancários, denominada “Reflexões sobre o Brasil: Diálogos com Leonardo Boff”. O filósofo apoia tanto a reeleição da presidente Dilma Rousseff (PT) e quanto a candidatura do petista ao Governo do Estado, Camilo Santana. Em entrevista coletiva para a imprensa, na manhã de ontem, no Marina Park Hotel, Leonardo Boff explicou que suas palestras são detentoras de uma discussão “objetiva” e “apartidária”, e têm como desígnio, debater os atuais projetos políticos postos no Brasil e a repercussão destes no futuro do País. “Nós estamos em um contexto de eleições. Os cidadãos perguntam-se quais os projetos, quais são as imagens do futuro que cada partido projeta para o Brasil. [...] Falo de questões mundiais, das ameaças que pensam sobre a vida e o sistema terra, porque não podemos pensar o Brasil fora do contexto do mundo”, disse. Pró-Camilo Em um encontro com Camilo Santana na Capital, na última quarta-feira (24), o filósofo decidiu apoiá-lo. E chegou a gravar um depoimento destinado ao horário eleitoral gratuito em apoio ao petista na disputa do Governo do Estado. Boff avaliou a última pesquisa Ibope sobre a sucessão estadual, divulgada ontem, pela TV Verdes Mares, que mostrou uma diferença de cinco pontos percentuais entre Eunício Oliveira (PMDB) e Camilo Santana. Para ele, a estatística mostra que a população está “indecisa”, porém, apontou que, para o Ceará, o ideal é que Camilo ganhe a eleição, pelo fato de estar “afinado” com o governo Central. Polêmica “Reconhecendo os percalços e erros que houve nos últimos 12 anos do governo de Lula-Dilma”, Boff é autor de um artigo polêmico, intitulado “As muitas razões para votar em Dilma”. Ao justificar a predileção, considera que o Brasil avançou nos governos petistas. “Houve avanços inegáveis, e mais que tudo, houve uma revolução pacífica, democrática, onde ocorreu não só a troca de poder, mas a troca de classes sociais”, disse, complementando ainda que, nesses doze anos, uma Argentina inteira foi integrada na sociedade. “Aquilo que é bom, seguro, deve ser continuado, consolidado, melhorado, aprofundado, abrindo novas dimensões”, reverberou. Irrealismo político Já ao avaliar o programa da presidenciável Marina Silva (PSB), que muito se assemelha às bandeiras que defende, relacionadas à ecologia e sustentabilidade, contudo, classificou a socialista como uma aventureira na política. “Acho que Marina suscitou bem esse tema, mas ficou só na proposta dela. Com pouquíssima base social, e muito apoiada pelo sistema financeiro e pelos bancos, grupo dos Estados Unidos que preferem a sua candidatura”, afirmou. Para governar o Brasil, na visão de Boff, Marina Silva deverá fazer uma “política acima dos partidos, o que considera irrealismo. No Brasil ninguém governa sem os partidos, seria absolutamente antidemocrático”, ponderou. Fora da história Ao tratar do projeto político do tucano Aécio Neves, considerou ser a “tradição de Fernando Henrique Cardoso e do neoliberalismo”, que para o Brasil não ficar fora da história, o Brasil entra como “sócio menor, independente” e que não tem autonomia para decidir os caminhos do País. “Qual é o caminho que seria melhor para o povo brasileiro, que garanta o futuro com mais esperança, e que permita que o Brasil avance, porque, inegavelmente, ele tem melhorado muito, mas tem que melhorar muito mais. Cada partido tem o seu projeto e vamos analisar com certo detalhe, os conteúdos, o que está por detrás dos projetos”, pontuou.