A 30 dias da eleição, os quatro candidatos ao Senado partiram para o confronto ontem à noite no debate da TV O Povo, primeiro embate direto entre os concorrentes transmitidos pela televisão na campanha deste ano. Em um programa com apresentação e diferenciação das propostas, Geovana Cartaxo (PSB), Mauro Filho (Pros), Raquel Dias (PSTU) e Tasso Jereissati (PSDB) apontaram fragilidades mútuas e falaram sobre temas como desenvolvimento regional, educação, reforma política e recursos hídricos, além de alfinetadas, como a classificação de “garoto-propaganda” atribuída por Tasso ao candidato Mauro Filho.
O tucano apontou a Mauro que as exportações no Estado “estagnaram”. “E o Ceará está restrito ao Mercosul”, disse, ressaltando que as políticas do bloco não favorece o mercado cearense. Mauro afirmou que o Ceará possui a Zona de Processamento de Exportação (ZPE) e frisou as ações do atual governo, que, segundo ele, alavancou a exportação. Mauro mandou um recado ao adversário: “precisamos de novas possibilidades”.
Raquel Dias foi questionada por Tasso sobre o enfrentamento da seca, uma vez que seu partido é contrário à obra da Transposição do Rio São Francisco. A candidata respondeu que as “obras são necessárias”, porém, criticou as obras faraônicas. Para ela, o modelo de desenvolvimento regional adotado pelo atual governo do Estado não é a solução, pois, segundo ressaltou, tem sido atrelado aos interesses das grandes empreiteiras, construtoras e empresariado.
Já Geovana foi questionada sobre sua postura diante das grandes obras, pois, como ambientalista, diverge do estilo do PSB. A socialista disse que o programa do PSB tem a intenção de favorecer a infraestrutura do País, e, portanto, é contra a forma como os grandes empreendimentos são conduzidos, sem licenciamento ou estudo de impacto ambiental.
GAROTO-PROPAGANDA
Mantendo as fortes críticas, Mauro Filho questionou porque Tasso era contra a presidente Dilma Rousseff, candidata à reeleição. Em resposta, o tucano afirmou não ser contra a petista, mas a gestão do PT à frente da Presidência da República, dizendo que os governos petistas trouxeram de volta a inflação e citou os escândalos de corrupção, como o caso envolvendo a Petrobras. O tucano ainda alfinetou o adversário, quando chamou de “garoto-propaganda do PT”, após Mauro Filho tecer elogios ao governo de Dilma Rousseff. Tasso também prometeu não ficar “calado”, caso seja eleito, pois não tem padrinho político.
BASTIDORES
• A briga para ver quem faria mais barulho começou antes do debate. Militantes da campanha de Tasso disputavam as atenções com outros que tocavam jingles de Raquel Dias. Como os militantes da campanha tucana eram em maior número, os jingles do ex-senador prevaleceram. Tasso, aliás, foi recebido por um grupo que tocava bateria e gritos de “o galeguinho voltou”. A pressão de participar de um programa ao vivo também afetou os candidatos. Raquel, algumas vezes, ultrapassava o tempo determinado.