Deputado Professor Pinheiro destaca pesquisa que aponta efeitos negativos em adultos as agressões por eles sofridas quando crianças
FOTO: JOSÉ LEOMAR
O deputado Professor Pinheiro (PT) destacou, em seu pronunciamento de ontem, na Assembleia Legislativa, os dados da pesquisa divulgados pela Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) revelando que dois em cada dez adolescentes do País já foram vítimas de algum tipo de agressão. O estudo faz parte do Levantamento Nacional de Álcool e Drogas, que ouviu 4,6 mil brasileiros, maiores de 14 anos, em 2012, e constatou que há uma ligação entre violência sofrida na infância com o uso de drogas na vida adulta.
Pelo menos 20% dos entrevistados relataram que sofrem ou já sofreram algum tipo de agressão em determinado momento de suas vidas. A pesquisa indicou ainda que mais da metade dos usuários de cocaína e maconha foram vítimas de abuso sexual infantil. "Esse dado é alarmante e significativo, pois cerca de 54% dos usuários de cocaína foram vítimas de abuso infantil. Isso mostra o quanto isso pode ser marcante para um jovem em formação, o que faz com que esse jovem carregue pelo resto da vida esta dor", disse o petista.
A deputada Mirian Sobreira (PROS) também corroborou com o colega, e informou que o grande causador dos maiores problemas sociais no Brasil é o álcool, e não somente as drogas consideradas ilícitas. Ela informou ainda que não entendia como o álcool continua sendo uma droga lícita. A parlamentar afirmou também que a bebida é a principal causadora dos males dos adolescentes.
"As sequelas que eles vão levar para o resto da vida são incalculáveis. A gente trabalha muito a questão das drogas ilícitas, e esquecemos a questão do álcool", reclamou a deputada, defendendo políticas públicas contra o álcool.
Combater
O Professor Pinheiro ressaltou, ainda, que os jovens, hoje violentos, foram agredidos durante a infância e muitos não conseguem superar o trauma por conta da falta de apoio, principalmente, do Poder Público. "Ás vezes nós olhamos para um jovem desses e só pensamos no que ele representa naquele momento, e não é somente isso. Não é possível combater a violência no Brasil apenas com a força policial", disse o petista.
Conforme informou, as pesquisas que foram lançadas sobre o perfil da violência no Brasil são importantes, destacando ser necessário um debate aprofundado sobre as questões inerentes à Segurança Pública nas casas legislativas. Conforme defendeu, muitos fazem "um carnaval de maldade" com o tema, sem irem a fundo na questão da doença social que é a droga.
O deputado Lula Morais (PCdoB) lembrou que a criança deve ser protegida desde a gestação e até os seis anos de idade deve ter a atenção do Poder Público. "É nessa fase que está a formação cognitiva da pessoa humana, e se ela estiver deformada aí, acaba sendo fortalecido na adolescência. É bom e básico que o Poder Público proteja o desenvolvimento desde o nascimento, desde a gestação", disse Morais.
Pinheiro afirmou que desde uma possível gestação indesejada, a criança já sente a rejeição. "A gravidez indesejada vai causar problemas tanto para a mãe que não quer o filho, mas, principalmente, para a criança" que já está sentindo essa repulsa, disse.
Direita e esquerda
Ele também falou sobre discussão recente que teve na Casa com o deputado Carlomano Marques (PMDB), que teria dito que não existe mais direita ou esquerda no mundo. "Quando você diz que não existe mais direita ou esquerda, você quer dizer que o capitalismo venceu. É acreditar que a miséria faz parte da face da sociedade", apontou.
Segundo ele, os governos de direita, por exemplo, não criaram cotas para os afrodescendentes, assim como não defenderam as políticas para os povos indígenas, mesmo a Constituição defendendo isso. "Por que as universidades públicas quase foram destruídas no Governo Fernando Henrique e no Governo Lula elas cresceram? Quando a gente pensa que não existe direita ou esquerda, é porque tem-se a ideia de que o mundo parou. Mas eu insisto que há pensamento de esquerda e de direita".