Em uma clara tentativa de minimizar as expectativas quanto aos atrasos na entrega das obras para a Copa do Mundo de Futebol e evitar os desgastes gerados pelos gastos com recursos públicos, o ministro-chefe da Secretaria-Geral da Presidência da República, Gilberto Carvalho, disse que as obras compõem um legado que ficará para a população e que as obras que não foram entregues, até o momento, serão entregues após o evento mundial. “Essas obras foram oportunizadas para a Copa, mas o que nos interessa é que elas fiquem prontas para o povo brasileiro, para o povo usar. O importante é que, depois da Copa, elas tenham seguimento, sejam concluídas e entregues à população. A Copa foi o momento especial em que deram a oportunidade para nós concentrarmos os investimentos para essas obras. Quem vai ganhar é o povo brasileiro. Tudo bem que o turista não vai ser bem atendido como nós imaginávamos, mas faz parte da contingência. O importante é que as obras vieram para ficar”.
Justificando os gastos e os questionamentos sobre uso de dinheiro público oriundo de outras finalidades, o ministro explica que não há esta possibilidade. “É uma falácia dizer que a Copa tirou dinheiro da educação e da saúde – o orçamento nosso é de 92 bilhões em educação e na saúde em torno de 87 bilhões – não cabe essa contradição. Não tiramos dinheiro do orçamento nacional da saúde e educação para aplicar em outras finalidades”.
Sobre os recursos das obras de infraestrutura, que somam ao todo 17 milhões, o ministro disse que os números estão precisos e não há o que esconder. “ A Copa toda para o Brasil vai custar 25 bilhões, destes, 8 bilhões foram investidos em estádios e 17,6 nas obras de infraestrutura, do ponto de vista do governo federal”.
ANTES TARDE
Gilberto Carvalho veio a Fortaleza para participar do evento “Diálogos Governo – Sociedade Civil / Copa 2014”, promovido na tarde de ontem na Assembleia Legislativa do Ceará. Na ocasião, o ministro ainda justificou o encontro “tardio” para a abertura de diálogo com a sociedade. “Em nome da presidenta Dilma, viemos aqui para uma tarefa de diálogo um pouco tardia. Nós deveríamos ter vindo antes para fazer um diálogo na medida. Quando se governa democraticamente você tem que dar explicações, informar, acolher opiniões e críticas. O que nós viemos é pra estabelecer diálogos. Queremos ouvir as ponderações, críticas, queixas e sugestões e pelo direito de informar o que é a Copa do Mundo para o Brasil”.
MAL INFORMADO
Em seu discurso, Gilberto Carvalho culpou a falta de comunicação para o “mal entendimento” do povo sobre a importância da Copa para o País e assim a repercussão “negativa” em torno dos gastos com obras. “Nós temos uma avaliação que mostra que o povo não foi informado adequadamente sobre o alcance da Copa, do ponto de vista das oportunidades que ela oferece pro Brasil, pra Fortaleza e pro Ceará do ponto de vista não somente nos estádios, mas do ponto de vista das obras de infraestrutura que nós pudemos realizar ou que estamos realizando que serão entregues durante e depois da Copa. Não importa”.
MANIFESTAÇÕES
Sobre as manifestações que estão programadas para acontecer durante a Copa, Gilberto Carvalho foi enfático ao afirmar que os protestos não assustam. “Manifestação combina com democracia. Elas não nos preocupam nem assustam. É fato que elas vão ocorrer naturalmente durante a Copa. A nossa preocupação é informar à população que elas ocorram pacificamente. Não vamos tolerar a violência, nem de polícia nem de manifestantes. Não queremos mais ver cinegrafistas mortos e nem manifestantes cegos nem feridos pela violência policial desproporcional. Queremos que exista uma relação de tal modo que as pessoas possam manifestar-se livremente pelas ruas do Brasil de maneira pacífica. Quem vai ganhar é a democracia e quem vier de fora vai presenciar um país que sabe conviver com as diferenças, com os protestos e manifestações”, disse.
DILMA
Questionado sobre a disputa pela Presidência da República , o ministro reafirmou a candidatura de Dilma Rousseff (PT) à reeleição. “Essa questão já está definida entre nós. Será a presidenta Dilma com o apoio do Lula. É ela que tem, a nosso juízo, a maior capacidade de governar o País hoje e de continuar fazendo essa mudança para o Brasil, diminuindo a desigualdade, ampliando a renda da população, mudando a educação, mudando a saúde com o programa Mais Médicos e com a instalação de novos centros de saúde. Temos plena confiança, com todo respeito aos adversários que será uma eleição duríssima, mas a presidenta tem toda a condição de ser reconduzida”, afirmou.
Sobre a queda da popularidade da presidente, o ministro não mostrou preocupação e reafirmou a certeza de que Dilma tem forças suficientes para recompor as intenções de votos. “É natural esses processos de ascensão e queda, de aprovação e desaprovação. Eu tenho certeza de que no momento em que nós tivermos o debate eleitoral aberto e na TV e no rádio mostrarmos aquilo que de fato estamos realizando, não filtrado pelos críticos e sim com um olhar mais objetivo da população, eu tenho certeza de que a presidenta irá recompor não só a popularidade, como também a intenção eleitoral”, finalizou.