Ainda que não confirmem oficialmente, lideranças já dão como certo um rompimento na aliança entre o governador Cid Gomes (Pros) e o senador Eunício Oliveira (PMDB). Na tentativa de evitá-lo, ambos os lados afirmam que as articulações políticas serão feitas com todo cuidado, até 30 de junho, quando deverão ser registradas na Justiça Eleitoral as chapas de candidatos a governo e vice, senador e as vagas da Assembleia Legislativa e Câmara dos Deputados. “Acho que já houve rompimento dentro do arco de aliança. Só que este povo metido a importante, metido a inteligente, eles escondem as emoções. Já estão rompidos, porque o [governador] Cid Gomes já demonstrou que não quer dar a cabeça de chapa a alguém que ele não controle. Ou seja, ele não quer apoiar um candidato que não reze na cartilha dele e o senador Eunício quer ser candidato. E, sendo eleito, [Eunício] fará o governo com sua identidade. Será uma nova marca, embora aproveitando muitas das políticas implementadas por Cid”, disse o deputado Roberto Mesquita (PV), alfinetando que o peemedebista não será “uma carta tirada do colete”. Segundo ressaltou, Eunício quer ficar onde está, porém tem encontrado entraves junto a seus aliados. A aliança tem pelo menos dois elementos de tensão: o primeiro gira em torno da disputa para sucessão estadual. Enquanto o Pros tenta adiar a decisão, os peemedebistas cobram uma sinalização de Cid e, nos bastidores, já travam uma busca por outros aliados, até mesmo partidos de oposição. Embora não haja profundas diferenças pessoais com o peemedebista, o governador tenta emplacar alguém de sua confiança. O PT, por sua vez, vive um dilema, uma vez que Cid e o irmão, Ciro Gomes, desembarcaram do PSB após cristalizar a dissidência com o presidenciável Eduardo Campos. A presidente Dilma Rousseff e Lula ganharam, com isso, uma dívida de gratidão difícil de pagar. Outro ponto é a disputa em torno da vaga ao Senado Federal. Os petistas já decidiram que querem lançar o deputado José Nobre Guimarães (PT). Nos bastidores, a indicação sofre rejeição por parte de alguns aliados. Contudo, o PT espera lançá-lo na chapa encabeçada pelo indicado de Cid. Enquanto isso, outros aliados sonham com a vaga, caso do senador Inácio Arruda. RECADO Para o deputado João Jaime (DEM), o rompimento é certo, basta apenas ler atentamente os indicativos do Pros. Segundo ele, Cid já apontou os critérios a serem usados e, portanto, o PMDB não está entre as prioridades. “Eunício, te cuida, porque você vai ser mais um a ser empurrado com a barriga e, na hora da decisão, não vai ter o apoio”, disse, mandando um recado para o peemedebista. A crítica é motivada por declarações recentes do governador. MAIS CONVERSAS O deputado Danniel Oliveira (PMDB), sobrinho de Eunício Oliveira, por outro lado, tentou minimizar. Para ele, os aliados precisam conversar mais, fortalecer o elo e exaurir todas as possibilidades, para que, ao final, ninguém tome “uma decisão unilateral”. “Não estamos fazendo um cavalo de batalha para ser oposição. Fazemos parte da aliança e, assim, queremos permanecer”, disse, acrescentando que, se não houver a possibilidade de dar continuidade, o partido irá avançar. Ainda segundo o parlamentar, o partido manterá conversa com outros partidos, o que, segundo esclareceu, não exclui manter o diálogo com as lideranças do Pros. O PMDB ainda nutre a esperança de conseguir o apoio do Pros, embora a tarefa seja mais difícil do que pareça, segundo fontes ouvidas pelo jornal O Estado.