O deputado Roberto Mesquita foi quem levantou a questão, cujos argumentos foram contestados pela liderança do Governo na Assembleia
FOTO: JOSÉ LEOMAR
As recentes movimentações políticas do Estado foram temas tratados por alguns deputados durante a sessão ordinária, ontem, na Assembleia Legislativa. Parlamentares de oposição queriam entender o que fez com que o governador Cid Gomes decidisse pela renúncia ao cargo, e, logo em seguida, desistisse de tal intento. Para alguns, teria sido a negativa do vice-governador, Domingos Filho, de renunciar ao mandato. Para os governistas foi o fato de Ciro Gomes não querer ser candidato em 2014.
O deputado Roberto Mesquita (PV), por exemplo, aproveitou para destacar a realização do 11º encontro Regional do PMDB, que acontecerá no município de Russas, no próximo dia 12 de abril. Segundo ele, evento "será mais apimentado que o último", pois fatos recentes mostram que uma candidatura do PMDB ao Governo do Estado é viável e conta com o apoio da população. Criticando a atual gestão, Mesquita disse que o Ceará precisa de representantes que "tratem as pessoas como seres humanos".
"Fico animado com esses encontros, onde as pessoas podem falar e expressar suas opiniões. Perdemos muito quando somos privados de nos expressar e o povo cearense deve ter o poder de julgar e opinar sobre o que é melhor para si", disse o opositor ao Governo Cid Gomes.
Dificuldades
Já Danniel Oliveira, líder do PMDB na Casa, disse que o partido não está forçando candidatura de ninguém, mas apenas buscando conhecer melhor as dificuldades de cada Município cearense. "O PMDB chega ao 11º encontro, em Russas, onde vamos conhecer um pouco mais das dificuldades daquela região, e buscar sempre o diálogo com as lideranças e conhecer as dificuldades", disse ele.
O deputado João Jaime (DEM) ressaltou que Eunício Oliveira é o melhor para o Ceará, destacando ser importante ter uma disputa no Estado, dando oportunidade para que as pessoas escolham seus candidatos. "No último fim de semana tivemos fatos políticos importantes, em que todo mundo sabe a pressão que houve a fim de que o vice-governador Domingos Filho renunciasse. Hoje aparecem mil explicações, mas nós sabemos que não é assim. Vão ter que repensar porque tudo deu errado", em relação à renúncia.
Segundo disse Roberto Mesquita, a população não está querendo "unanimidade" nas disputas eleitorais de outubro próximo, por isso é importante, segundo ele, procurar sugestões viáveis. "Algumas pessoas se acham as únicas com capacidade quando, na verdade, qualquer cearense, em se dedicando, consegue chegar lá. A hegemonia política não foi e nem será saudável. Precisamos ter um embate de ideias. Vivemos em uma época de crescimento onde matamos vários leões, mas algumas dificuldades ainda não foram vencidas", salientou.
Vice
Na manhã de ontem, inclusive, o deputado Ivo Gomes (PROS) retornou à Casa Legislativa, mas não teceu nenhum comentário a respeito de política ou defesa da administração do irmão. Depois que Heitor Férrer fez críticas à atual gestão, Ivo Gomes ficou atento apenas às explicações dadas pelo líder do Governo, José Sarto (PROS) quando da defesa da gestão.
O líder do Governo, depois de ouvir as colocações dos colegas, explicou que não houve qualquer tentativa de impedir o vice-governador, Domingos Filho, de se legitimar como candidato do PROS ao Governo, e ressaltou que a decisão de renúncia de Cid Gomes só não se concretizou porque Ciro Gomes não aceitou o convite para disputa a vaga de senador pelo Ceará.
"O que mudou foi que 15 dias antes da data limite que impunha a legislação eleitoral, em virtude de anteceder seis meses as eleições, cogitou-se uma possibilidade de uma candidatura por parte do secretário de Saúde, Ciro Gomes", disse ele, afirmando que alguns setores, inclusive, do próprio PROS, defendiam ter um candidato com perfil ideológico no sentido de dar um cunho mais popular, com sentimento mais democrático, para a legenda a que eles estão filiados, no espaço nacional.
Houve a possibilidade, por setores do PROS e de outros partidos, de propor ao governador que o Ciro deveria ser candidato. "O governador é um homem extremamente grato ao irmão Ciro, que é um dos melhores quadros da política nacional. O vetor resultante do Ciro beira os 9 ou 9,5, o que é muito positivo".
Necessidade
Segundo ainda José Sarto, o governador levantou a possibilidade de renunciar para permitir a elegibilidade de Ciro. E não era, em momento nenhum, necessário o Cid renunciar se não houvesse essa possibilidade. Mas quando o prazo se afunilou o Ciro dizia que não queria ser candidato, então não tinha sentido a renúncia, até pelo fato de o governador sempre ter dito que pretendia ficar no Governo até o fim do mandato. "Muita gente pensa que é coisa da boca para fora, mas não foi", disse o deputado Sarto, reafirmando não ter havido qualquer indisposição entre o governador e o vice-governador Domingos Filho.
Em resposta às explicações de Sarto, o deputado Roberto Mesquita disse que, caso Domingos Filho fosse governador, em dois meses, ninguém iria lembrar mais de Cid Gomes. "Domingos Filho é um homem habilidoso. Em dois meses não teria outro candidato senão fosse o Domingos Filho. O que houve foi medo do talento do vice-governador", disse o parlamentar.