A greve dos docentes e alunos das três universidades estaduais do Ceará se estende há quase três meses. Após muitas assembleias e tentativas de diálogos com o governador Cid Gomes, o comando afirma que permanecerá com a paralisação até que propostas concretas sejam acertadas. Temendo a não reposição do semestre 2013.2 e a significativa redução do ano letivo de 2014, os reitores das três universidades divulgaram uma nota propondo a suspensão da greve.
Para o reitor da Universidade Estadual do Ceará (Uece), Jackson Sampaio, os acordos feitos entre o comando grevista e o governador já são suficientes para que o comando suspenda a greve e “vá para a mesa de negociações formalmente”. “O governador propôs a realização de seminários dentro das universidades, com a presença do governo, para ver as demais necessidades que as universidades têm. Mas, para isso, é necessário que a greve seja suspensa”, defendeu.
De acordo com o comando de greve do Sindicato dos Docentes da Uece (Sinduece) e do Movimento Estudantil da Uece, a paralisação continua até que as propostas ditas emergenciais sejam atendidas. Segundo a presidente do Sinduece, Elda Maciel, foram estabelecidos cinco pontos emergenciais na pauta que podem dar fim à paralisação. São eles, a Regulamentação do Plano de Cargos, Carreiras e Vencimentos (PCCV) dos docentes, PCCV dos servidores, estabelecimento da política de Assistência Estudantil, concurso para servidores técnico-administrativos efetivos e concurso para professor efetivo e Campus Multiinstitucional de Itapipoca.
CONVERSA INFORMAL
Em conversa informal com o comando de greve, no início de dezembro, o governador Cid Gomes, sinalizou positivamente para o atendimento de três dos cinco pontos. No entanto, não estabeleceu datas, nem valores efetivos. “O governador se pronunciou favorável à regulamentação do PCCV dos docentes, a elevação das tabelas dos vencimentos dos servidores técnico-administrativos e a destinação de R$ 10 milhões de reais para complementar a assistência estudantil em todas as universidades”, contou Elda.
Porém, conforme a presidente do Sindicato, o chefe do executivo não mencionou nada sobre a carência de quase 800 professores, além de ter negado a cessão do prédio que seria da Faculdade de Educação de Itapipoca (Facedi) ao Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Ceará (IFCE). “A discussão avançou, sem dúvidas, mas nós queremos mais esclarecimentos por parte do governo, propostas mais concretas com relação aos pontos que ainda não foram acordados”, explicou.
APOIO QUEBRADO
Durante a ocupação da Assembleia Legislativa pelos grevistas, que durou 10 dias, em novembro, os sindicatos e o movimento estudantil solicitaram apoio de deputados da Casa para que intermediassem um diálogo entre o governo e o comando de greve. Na desocupação, grevistas assinaram, uma “Carta-Compromisso” que pactuou uma data para uma resposta a ser dada pelos parlamentares. Porém, na data marcada, segundo Elda, os deputados não apresentaram nenhum posicionamento do governador, o que para o comando representou retrocesso dos compromissos assumidos, “não deixando outra opção para o movimento senão deliberar pela continuidade da greve”.
“Nós estamos mostrando flexibilidade e disposição para o diálogo, mas não podemos, contudo, suspender nosso movimento sem termos segurança de que pelo menos os pontos emergenciais serão atendidos. Estamos com poucos aliados, mas ainda temos muita força para continuar na luta”, ressaltou. Hoje, os sindicatos e o movimento estudantil se reúnem para decidir os próximos rumos da paralisação.
Jessica Fortes
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