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Governantes elegem os seus apoiadores - QR Code Friendly
Segunda, 28 Outubro 2013 05:03

Governantes elegem os seus apoiadores

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O cientista político Uriban Xavier diz que os partidos estão passando por crise ideológica O cientista político Uriban Xavier diz que os partidos estão passando por crise ideológica Foto: KIKO SILVA
  Há pouco mais de vinte dias, por conta de interesses partidários da maior liderança política do Estado, o governador Cid Gomes, o Partido Socialista Brasileiro (PSB) deixou de ser a maior bancada da Assembleia Legislativa e voltou a ser uma sigla nanica. Já o recém-criado Partido Republicano da Ordem Social (PROS) nasce como o grêmio mais forte do Legislativo Estadual, o que demonstra que as representações partidárias não estão preocupadas em ideologias. Querem apenas estar ao lado do Poder Executivo.Um levantamento feito pelo Diário do Nordeste demonstra essa tendência durante as eleições que se sucederam nos últimos 20 anos. Para se ter uma ideia de como é essa relação de subserviência do Legislativo ao Executivo, de 1994 até o momento atual, na Assembleia sempre se elegeram e reelegeram aqueles que estavam debaixo das asas dos governantes de plantão. Em 1994, quando foi eleito governador do Estado pela segunda vez, Tasso Jereissati (PSDB) conseguiu levar para a Assembleia 20 nomes que estavam filiados ao seu partido. O PMDB, elegeu cinco e o PPR (hoje PP), quatro. No pleito seguinte, quatro anos depois, nas eleições de 1998, quando Tasso se candidatou à reeleição, o PSDB contou com 18 deputados na Assembleia, o PMDB com cinco, PPS com quatro e PT, 3. Tucanos Em 2002, Lúcio Alcântara foi o nome do PSDB a ganhar para o Governo do Estado e com isso conseguiu eleger também 17 nomes tucanos para a Casa. O PT e o PMDB vieram logo em seguida com cinco eleitos cada e o PPS com quatro. Já em 2006, o PSB que não conseguia fazer mais que dois deputados na Assembleia, aumentou sua bancada para seis com a eleição de Cid Gomes. No entanto, o PSDB faria 15 nomes e o PMDB sete. Nas eleições de 2010, quando Cid conseguiu se reeleger, pela primeira vez desde as eleições de 1994, o PSDB não foi maioria na Casa ficando atrás do partido do governador, o PSB, fez 11 nomes. Agora que Cid Gomes e seu grupo deixou o PSB, a sigla volta a ter a mínima representação no Legislativa, apenas com um nome, enquanto o recém-criado PROS já é a maior bancada, com onze nomes. Já o PSDB, que outrora foi o partido de maior bancada no Legislativo do Ceará, contando com quase metade de toda a representação da Casa, hoje não tem um nome sequer na Assembleia. Os que se elegeram em 2010 saíram para novas siglas como PSD (em 2011) e mais recentemente para o Solidariedade e DEM. Para o cientista político Uriban Xavier, a política brasileira como um todo vive um crise de modelo e de ideologia onde cada vez mais os partidos vão se esvaziando para atender a interesses de suas lideranças. "Não dá para um Governo dormir socialista e acordar conservador. A política, cada vez mais, se articula sempre em relação ao poder. Mais do que (Karl) Marx quem está atual é Maquiavel, pois as articulações são apenas em prol de uma perpetuação do poder", afirmou o professor. Segundo ele, as articulações políticas de hoje passam muito pelo que denominou de "usurpação do poder público", onde candidatos a uma vaga no Legislativo são eleitos para representar parte da população e "traem" seu eleitorado quando são cooptados a aceitar um cargo de secretário para não exercer representação nenhuma "e montar seu caixa dois". Ele ressalta que nos últimos vinte anos, comprovou-se que 60% dos casos de corrupção no Governo brasileiro são ligadas ao caixa dois dos partidos políticos. "A representação da política está em busca do poder e isso também significa o fim da oposição nas casas legislativas".
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