“Cavalcante sabia dos 32 processos do prefeito Glauber Castro [prefeito de Morada Nova] e, no passado, apoiou o atual prefeito. Você traiu o prefeito”. Com essas palavras, o deputado Perboyre Diógenes (PMDB) deu início a um tremendo bate-boca com o deputado Delegado Cavalcante (PDT), que, na ocasião, ocupava a tribuna da Assembleia Legislativa, confirmando que seria candidato à reeleição em 2014.
“Elemento com mais de 32 processos. Um ficha suja”, disse Delegado Cavalcante, ao explicar o que teria motivado a dizer, anteriormente, que não seria candidato à reeleição no ano que vem. Segundo destacou, o prefeito de Morada Nova, Glauber Barbosa de Castro (PMDB), estaria lhe perseguindo politicamente, inclusive, segundo ele, foi vítima de programas de espionagem instalados em seu computador para acompanhar suas atividades cotidianas, até mesmo seus celulares foram clonados. Criticando, ainda, a decisão da Justiça Eleitoral, que permitiu a candidatura do peemedebista, apesar dele ter sido considerado “ficha suja”.
Em aparte, o deputado Perboyre Diógenes rebateu as acusações, ocasionando o primeiro bate-boca. Diógenes disse que, no passado recente, o pedetista apoiava o atual prefeito de Morada Nova, mas o traiu. De acordo com ele, todos os processos já foram julgados pela Justiça. Ainda segundo o parlamentar, o desentendimento teve início quando Glauber foi acusado de “ficha suja” e Cavalcante decidiu que seria prefeito, sendo cortado por Cavalcante.
COBRANÇA
Cavalcante, então, endureceu. “O senhor esculhamba todo mundo. Ele é um pilantra, um psicopata, que estuprou até uma prima de 13 anos. Fez inimizade com toda a família”, disse o pedetista. Cavalcante cobrou, ainda, da presidente do Tribunal Regional Eleitoral (TRE) no Ceará, desembargadora Iracema do Vale, o julgamento do processo onde Glauber Castro é réu. De acordo com ele, há mais de um ano o processo aguarda julgamento.
Os deputados Idemar Citó (DEM), Dra. Silvana (PMDB) e Fernando Hugo (PSDB) solicitaram aparte ao discurso de Cavalcante. Dra. Silvana até tentou apaziguar os ânimos, parabenizando-o por concorrer à reeleição em 2014. Já Idemar Citó e Fernando Hugo saíram em defesa da desembargadora Iracema do Vale. Segundo o democrata, o parlamentar deveria defender seus interesses sem atingir outras pessoas, principalmente, a desembargadora que, a seu ver, é uma “pessoa correta”. Hugo pediu que Cavalcante, pessoalmente, faça a cobrança à magistrada.
SEGUNDO ROUND
Quem entrou no ringue foi o deputado Osmar Baquit (PSD). A intervenção, no entender do deputado, foi devido à acusação perpetrada por Cavalcante de que, no Tribunal Superior Eleitoral (TSE), existiria um esquema para mudar resultados de julgamentos. O parlamentar considerou “grave” e comunicou que encaminhará ofício ao Tribunal solicitando informações a respeito da acusação. “Quero só saber dos ministros o nome da pessoa que tem tanto prestígio para mudar resultado do Tribunal”, justificou.
Cavalcante exaltou-se. A discussão, então, atingiu um ponto mais tenso. Isso porque o pedetista criticou o pronunciamento de Osmar Baquit, que revidou. “Delegado Cavalcante é “ficha suja”, malandro e deve ter medo de um vídeo que anda circulando em Brasília. Deputado sem moral não pode falar de ninguém. Seu ficha suja”. Neste momento, o deputado Manoel Duca (PMDB), que presidia a sessão, mandou cortar os microfones. Delegado Cavalcante, por sua vez, disse que analisará os discursos e, talvez, levará o caso ao Conselho de Ética da Casa.
APELO
Por fim, o presidente da Assembleia Legislativa, deputado José Albuquerque (PSB), apelou para que os parlamentares mantivessem o decoro das discussões. ‘Gostaria de fazer um apelo. Aqui, é a Casa do Povo. As pessoas querem ver discussões sobre os problemas do Estado, ou dos municípios cearenses. Sei que os ânimos se exaltam um pouco, mas, antes de tudo, é preciso respeitar o Parlamento. Que exemplo estamos dando à população?”, questionou.
BASTIDORES
• Diante dos fatos, o deputado Augustinho Moreira (PV), vice-líder do Governo, na Casa, chegou a solicitar ajuda de um psiquiatra para atendimento dos parlamentares da Assembleia Legislativa. Em comentário com outras parlamentares, ele disse que os “deputados andam muito estressados”.
LAURA RAQUELDa Redação