A Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Assembleia Legislativa para apuração de ilegalidades e possíveis ações criminosas supostamente cometidas por policiais militares, proposta pelo deputado estadual Roberto Mesquita (PV), ainda aguarda assinaturas para ser instalada. Até ontem, apenas quatro parlamentares haviam assinado a proposta. Para que a proposta comece a tramitar, são necessárias 12 assinaturas.
Mesquita defendeu que a CPI é uma ferramenta legítima de investigação parlamentar e, portanto, neste momento conturbado, deve ser instalada para que se obtenham esclarecimentos necessários a cerca das denúncias levantadas pelo ex-deputado Ciro Gomes. “Quero que todos os deputados assinem a CPI para investigar a fala do ex-ministro Ciro Gomes, mas fico triste em ver que tem parlamentares que não querem debater esse tema”, disse, acrescentando que a proposta não pretende atacar ninguém, apenas ouvi-las.
Na última segunda-feira, Ciro Gomes afirmou que dentro da Polícia Militar tem uma milícia atuando em afinidade com o narcotráfico, e ainda a existência de uma lista de pessoas a serem assaltadas para causar comoção na cidade. As ações, segundo ele, seriam coordenadas pelo vereador Capitão Wagner (PR).
Segundo o parlamentar, mesmo com os riscos que a investigação pode gerar aos parlamentares envolvidos, é hora de investigar as denúncias. “Sabemos que estamos entrando em uma seara muito difícil e em um terreno bastante movediço, que passaremos por momentos delicados, mas tenho certeza de que o relatório desta CPI trará o devido lucro para a sociedade”, salientou Mesquita.
NOTÍCIAS BOASMesquita ainda retrucou o posicionamento da deputada Ana Paula Cruz (PMDB). A parlamentar defendeu que os deputados deveriam priorizar notícias boas. “O papel de trazer boas notícias do governo é de porta-voz do governador. O nosso papel é legislar. Estamos com ameaças de nova greve e de PM envolvido com tráfico de drogas; é preciso debater e investigar esse assunto”, disse o verde.
NEM SITUAÇÃO, NEM OPOSIÇÃOO deputado Perboyre Diógenes (PMDB), que assinou a proposta, afirmou que acredita nas declarações do ex-ministro. “Se fosse uma CPI de oposição, contra o governador, queria nem saber: não assino mesmo. Sou Governo, sou Cid, e não assino mesmo. Estou sentindo que essa CPI não é situação nem oposição”, declarou Perboyre. Na avaliação do peemedebista, “jamais o Ciro ia falar alguma coisa sem ter fundamentação, sem ter origem, sem ter como provar”.
Para o deputado Antônio Carlos (PT), o assunto precisa ser tratado com cautela, pois, em sua opinião, existe uma dualidade de poderes. Segundo destacou, a greve trouxe uma perda de autoridade do Governo sobre a tropa, que precisa ser reestabelecida, além de evidenciar demandas reprimidas ao longo de alguns do tempo. Contudo, classificou a fala de Ciro Gomes como inoportuna para o momento vivido pela segurança pública do estado. “Ciro fala que cabeças rolarão. Essa decisão não cabe a ele. Ele se antecipou à situação”, criticou.
PREOCUPAÇÃOSérgio Aguiar disse que analisaria o pedido de CPI, do deputado Roberto Mesquita. Contudo, disse que Ciro Gomes apenas demonstrou sua preocupação com a segurança pública. Portanto, a preocupação dos parlamentares é devido a sensação de insegurança vivida pela população.
SOLUÇÕESQuem também criticou as declarações de Ciro Gomes foi a deputada Fernanda Pessoa (PR). E solicitou soluções para a segurança pública do estado. “Estamos vivendo uma situação de calamidade da segurança”. A parlamentar sugeriu, ainda, que o ex-ministro fosse convidado a ir à Assembleia para esclarecer as acusações de que existe uma milícia atuando dentro da PM e ligada ao narcotráfico. “Se existe, como ele sabe disso? Sugiro que Cid Gomes retome o controle de governador do estado e resolva o problema da segurança pública”.
SAIBA MAISDiante das declarações, o vereador Capitão Wagner (PR), por meio de sua assessoria, informou que realizará uma entrevista coletiva amanhã, dia 24, a partir das 8h30min, no Comitê de Imprensa da Câmara Municipal. Em seguida presidirá uma sessão solene em homenagem aos 178 anos da Polícia Militar.