O deputado Tin Gomes afirma que a Assembleia Legislativa está preparando um seminário para discutir os problemas da segurança pública
FOTO: JOSÉ LEOMAR
Os deputados da Assembleia Legislativa têm demonstrado preocupação com a situação de insegurança do Estado no Ceará nos últimos anos. Assunto recorrente entre os parlamentares, o aumento da violência vem sendo motivo de embates nas sessões.
Nas últimas plenárias, algumas propostas foram apresentadas para discutir a situação, todas derrubadas pela base governista. Dois requerimentos do pedetista Heitor Férrer, apesar de gerarem muito embate entre os quadros da Casa nas últimas semanas, foram derrubados pela base aliada.
Um solicitava a presença do secretário estadual de Segurança Pública, coronel Francisco Bezerra, para dar explicações sobre o aumento da violência no Estado. Outro pedido do parlamentar requeria uma audiência com o Conselho Estadual de Segurança Pública.
O deputado Tin Gomes (PHS), vice-presidente da Mesa Diretora da Assembleia Legislativa criticou as iniciativas de Heitor Férrer e afirmou que o Poder Legislativo do Ceará está preparando um seminário para discutir o tema. Já Osmar Baquit (PSD), assim como outros aliados, criticou a situação atual do Estado, mas votou contra o pedido de Heitor Férrer.
Defesa
Ao líder da base governista, José Sarto (PSB), a única defesa é destacar os investimentos realizados no Governo Cid Gomes. No entanto, o pessebista tem justificado a não ida do gestor da Segurança Pública à Assembleia o fato de o pedetista estar se utilizando de um pedido político e não de interesse em se discutir o aumento da violência. Para ele, todos os secretários da administração deverão comparecer à Casa para discutir suas pastas, em visitas que estão sendo agendadas entre os gestores e o presidente da Mesa Diretora, José Albuquerque (PSB).
O deputado Fernando Hugo (PSDB) disse que sua postura sempre foi a de atender à ida solicitada de qualquer que seja o secretário para que esses exponham suas posições sobre determinados assuntos, desde que não seja feito com o intuito de fazer apenas "publicidade" de tais secretarias. "Minha ideia é atender a vinda deles, mas sem ´rapapés´. Todos devem vir e prova disso é o que o presidente está fazendo, para que possamos ter esse contato mais direto com os secretários. O secretário Francisco Bezerra deve vir, mas não pode é ficar fantasiando ou maquiando a situação. Tem que apresentar dados", afirmou.
Fernando Hugo tem sido um dos principais críticos ao aumento da violência no Ceará e já chegou a fazer um comparativo com esta situação no Estado e a criação do programa do Governo Federal, Bolsa Família. Segundo diz, há uma coincidência no gráfico apresentado pelo Ipece sobre o número de homicídios no Ceará e o início do projeto. Para o deputado, o Governo deve investir na profissionalização dos beneficiados.
O deputado Ferreira Aragão (PDT), que votou contra os requerimentos de seu correligionário, informou que o secretário de Segurança será um dos próximos gestores sabatinados na Casa e salientou ser necessário "separar o pedido para aparecer, aquele político, e o real", em resposta às solicitações de Heitor Férrer. "Segurança é interesse de todos nós e o Governo mostrou interesse em mandar todos os secretários e já temos confirmação que ele virá", afirmou.
Tráfico
Segundo ele, o problema do aumento da violência no Ceará está ligado ao tráfico de drogas e à falta de políticas para combater o crime. Conforme disse, apenas um delegado está trabalhando na Delegacia de Narcóticos do Estado, e este seria o erro da Superintendência da Polícia Civil. "A divisão de homicídio chegou à conclusão de que sozinha não resolve o problema. Ela precisa do apoio dos distritos onde ocorrem a tragédia", reclama.
Para Ely Aguiar (PSDC), o problema da Segurança Pública no Ceará está no gerenciamento "porque dinheiro tem. No ano passado ele (Cid Gomes) aplicou R$ 1,4 bilhão". De acordo com ele, o atual secretário está com dificuldades de gerenciar o que foi deixado por seu antecessor, Roberto Monteiro, "que tinha uma visão totalmente utópica em termos de segurança".
Tramita agora na Assembleia Legislativa um Projeto de Indicação da autoria de Ely Aguiar que quer que escrivães e delegados passem por um processo de "reciclagem", visando melhorar a elaboração de boletins de ocorrência e inquéritos.