Foi entregue, ontem, carta da Aprece à presidente sobre a possibilidade de colapso, nos próximos dias, nos municípios cearenses
FOTO: HONÓRIO BARBOSA
A burocracia enfrentada pelos programas até o início da ação efetiva foi uma das dificuldades abordadas
A vinda da presidente Dilma Rousseff a Fortaleza gerou embates entre os parlamentares da Assembleia Legislativa na manhã de ontem. Enquanto o petista Dedé Teixeira defendia que o motivo para que ações do governo federal não cheguem até os estados seria a burocracia, outros deputados criticaram a falta de investimentos no Ceará, principalmente no que diz respeito à seca que assola a maioria dos municípios do Estado.
Segundo Dedé Teixeira, em reunião da Associação dos Prefeitos do Ceará (Aprece) - na última segunda-feira -, os prefeitos afirmaram que algumas cidades poderão entrar em colapso nos próximos dias caso não sejam realizadas ações emergenciais. "Mesmo com o fato de não termos tido invasão, nem saque, por conta dessa rede de proteção social, a preocupação precisa ser de todos nós. É uma seca sobre seca e a Dilma coloca isso".
Na carta da Aprece entregue à presidente, muitas questões foram colocadas, dentre elas a burocracia enfrentada pelos programas. "Gostaria de falar para os deputados da importância dessa visita, além de vários equipamentos que ela irá destinar aos municípios, mas os prefeitos querem voltar para esse problema, porque o rebanho está sendo dizimado e é preciso medidas mais urgentes", sinalizou.
Roberto Mesquita (PV) disse que é preciso que todos os políticos do Ceará se unam para pedir à presidente que faça alguma coisa. O parlamentar criticou a fala do petista e disse que culpar a burocracia é mais uma questão de "ineficiência", porque vários mecanismos já foram criados para que as ações fossem feitas.
Já Carlomano Marques (PMDB) fez críticas incisivas ao governo federal. "Se eu fosse a presidente Dilma, eu não viria mais ao Ceará, não. Fazer o que? Essa história do milho é a maior desfaçatez do governo federal. Não tem medida provisória lá na Câmara. Sabe quando o milho vai chegar aqui? Existe uma falta de atenção com o Nordeste".
Dnocs
O petista Antônio Carlos também mandou seu recado para o Congresso Nacional. De acordo com ele, é injusta a proposta de mudar a sede do Departamento Nacional de Obras Contra as Secas (Dnocs) para Brasília, pois, segundo ele, o equipamento deve permanecer próximo aos locais onde ocorrem as estiagem, como Nordeste e algumas áreas de Minas Gerais e Espírito Santo. Por isso, irá apresentar uma moção contrária a esta proposta.
Carlomano disse que o Congresso Nacional quer fazer com o Dnocs o que foi feito a Superintendência de Desenvolvimento do Nordeste (Sudene) e ressaltou que a bancada federal está reagindo contra esta tentativa.
O deputado Sérgio Aguiar (PSB) afirmou que os programas de inclusão social minimizaram a fome das pessoas, evitando cenas de invasão e de saques, como em secas anteriores.
Contudo, ele afirmou que as políticas emergenciais de abastecimento d´água e de suprimento de alimentação animal foram insuficientes. Conforme Aguiar, cerca de 80% da agricultura sofreu com os efeitos da seca e os rebanhos foram reduzidos à metade, sobretudo porque este ano os produtores não contam com a palma forrageira.