Evaldo Bringel, à esquerda, foi empossado ontem, na Assembleia Legislativa, como presidente da Câmara Setorial da Fruticultura do Ceará
foto: José Leomar
A articulação entre as lideranças políticas em prol de programas complementares de combate à seca será o foco das ações do novo presidente da Câmara Setorial da Fruticultura do Estado, Euvaldo Bringel. Na cerimônia de sua posse, realizada ontem, na Assembleia Legislativa, ele destacou as ações de capacitação profissional e as obras estruturantes em curso como formas de precaver os produtores cearenses contra os efeitos climáticos da seca.“Nós vamos continuar, evidentemente, com as políticas de apoio aos pequenos produtores, dando água, tentando manter o gado, mas temos que pensar também nas políticas complementares. Elas são decisivas e irão transformar o perfil do Ceará”, afirmou Bringel.
De olho nisso, marcou para o próximo dia 18 de fevereiro, uma reunião com líderes políticos cearenses na Câmara Federal, no Senado e em demais frentes representativas para debater as questões que fizeram o Ceará amargar reduções severas na produção de frutas, em 2012
Tecnologia e irrigação
Bringel levantou também, bandeiras antigas do setor: o acesso ao crédito adequado aos produtores e a necessidade de qualificação dos produtores locais, principalmente, os pequenos e médios agropecuaristas, mais sujeitos aos efeitos da seca. “O que está faltando é o desenvolvimento de gente, ensinar o agricultor a fazer irrigação, a operar equipamentos de irrigação”, defende. “A seca é fenômeno natural do Nordeste, mas a fome é falta de educação”, reitera. Ele destacou a infraestrutura hídrica atual, o que, segundo avalia, teria amortecido os efeitos da falta de chuva em 2012, quando comparado a outros anos de seca.
‘Dnocs precisa de mudança’
Para o presidente da Agência de Desenvolvimento do Estado Ceará (Adece), Roberto Smith, os problemas causados pela seca merecem atenção desde antes de a estiagem acontecer e, para isso, deve ter mais atenção das instâncias federais.“Nós temos um grave problema que se chama Dnocs (Departamento Nacional de Obras Contra a Seca). Ou se resolve a questão de por o Dnocs para o operar ou se resolve um pacto federativo em termos de legislação em que o Dnocs passe efetivamente a fazer quilo que contemple esses perímetros”, defendeu.
De acordo com Smith, um dos problemas mais sérios do Estado está na forragem, pois mais de 60% da economia rural do Ceará está no setor pecuário, mas ainda não encontrou uma solução definitiva, mesmo com a busca de tecnologia e investidores à criação de perímetros irrigados destinados à cultura forrageira.
“É isso, estamos gerando pobreza e miséria porque não dá para pensar as coisas em cima da hora e de uma forma tão sem elementos para poder agir, se tem um conjunto de entraves institucionais que precisam ser removidos. Se isso não acontece, nada acontece”, finalizou.