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Alinhamento interfere no cenário nacional  - QR Code Friendly
Segunda, 12 Novembro 2012 04:41

Alinhamento interfere no cenário nacional

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O alinhamento partidário só havia ocorrido na Capital uma vez, em 1989, com Ciro Gomes na Prefeitura e Tasso Jereissati no Governo do Estado O alinhamento partidário só havia ocorrido na Capital uma vez, em 1989, com Ciro Gomes na Prefeitura e Tasso Jereissati no Governo do Estado FOTO: JOSÉ MARIA MELO
  Para especialistas, o PSB com os governos de Fortaleza e do Ceará influencia as alianças no âmbito nacional Fortaleza é uma das sete capitais do país onde o prefeito eleito pertence ao mesmo partido do governador do Estado. Essa situação só ocorreu na cidade uma única vez, quando Ciro Gomes, então filiado ao PMDB, foi empossado prefeito em 1989 e manteve-se na Prefeitura até o ano seguinte. À época, o governador era Tasso Jereissati, que ainda estava no PMDB. Posteriormente, ambos deixaram a legenda e filiaram-se ao recém criado PSDB, quando Tasso chegou a apoiar Ciro para o Governo do Estado, em 1990. Apesar de as duas situações apontarem um alinhamento partidário, o momento guarda mais diferenças do que semelhanças aos dias atuais, explica o cientista político Josênio Parente, professor da Universidade Estadual do Ceará. "Naquela época, o Ceará apareceu como uma grande novidade, porque o Nordeste, desde a Sudene, foi trabalhado para criar uma elite industrial. Hoje é uma disputa de projetos de poder entre PT e PSB", diz. Mesmo a campanha deste ano tendo sido bastante acirrada, principalmente pela troca de farpas entre o governador Cid Gomes (PSB) e a prefeita Luizianne Lins (PT), o professor Josênio Parente minimiza os efeitos desse cenário, quando se considera o projeto nacional, pois, mesmo adversários no âmbito municipal, os dois partidos que disputaram a Prefeitura de Fortaleza no segundo turno são alinhados ao Governo Federal. "Essa vitória do PSB no Nordeste, e no Ceará, é apenas um momento em que esse projeto nacional passa por apoio de novos partidos", justifica. De acordo com o cientista político, o momento favorece a legenda no Estado e pode ser determinante para o desenrolar da política nacional em 2014, já que coloca o PSB do Ceará em "condições iguais" para dialogar com o partido em Pernambuco. Forças Lá, o partido saiu, na imprensa nacional, como "o grande vencedor do Nordeste", já que o governador Eduardo Campos (PSB) conseguiu eleger também um correligionário para a Prefeitura, Geraldo Júlio, aponta o pesquisador. Na avaliação de Josênio Parente, a vitória do PSB na Capital cearense fortaleceu ainda mais o partido, que já se coloca como a terceira força do país, atrás apenas de PT e PSDB. "O PSB abre uma luz vermelha para o PT e diz que está abrindo forças para o PT dividir uma fatia desse poder nacional", diz. É nesse cenário posto que a chegada de Roberto Cláudio à Prefeitura de Fortaleza poderá ser um fator de diálogo do partido, que vive um "conflito regional". Enquanto há especulações de uma possível indicação de Campos como presidenciável em 2014, o governador Cid Gomes já declarou que estará ao lado da presidente Dilma, caso ela opte em tentar reeleição. Segundo a cientista política Rejane Vasconcelos, essa vitória do PSB em Fortaleza não rompe com o projeto iniciado pelo ex-presidente Lula. Para ela, também pode ser um momento para se fortalecer o papel da oposição no Estado, tanto na Câmara Municipal de Fortaleza como na Assembleia Legislativa. Ainda conforme a professora, deverá haver uma maior unidade na execução do projeto político no Ceará, que não era possibilitada justamente por conta da relação conflituosa entre os dois partidos. "Agora, essa cooperação, nos dois próximos anos, será maior, como era o próprio foco da campanha. Isso já se revela desde agora, quando Roberto Cláudio diz que vai dar continuidade às obras de mobilidade da Capital", avalia. O professor Hermano Ferreira, da Universidade Estadual do Ceará, também acredita que, em muitas situações, o alinhamento partidário entre Prefeitura e Estado pode trazer celeridade às obras, citando o caso do Rio de Janeiro, onde o PMDB comanda a Capital e o Governo do Estado. No Ceará, o professor Hermano acrescenta que a diferença será pequena porque o mandato do governador Cid Gomes acaba em dois anos, e ele não pode pleitear a reeleição. Apesar desse efeito limitado, Hermano Ferreira diz apostar que as obras de mobilidade urbana serão agilizadas na Capital, devido à parceria integral entre os dois poderes. Entretanto, ele lembra que não se pode garantir que o candidato derrotado do PT, Elmano de Freitas, seguiria a mesma conduta da prefeita Luizianne Lins, mesmo sendo correligionário dela. Em outras capitais do País, como Belém e Maceió, Prefeitura e Governo do Estado também serão administrados pelo mesmo partido, o PSDB, mas a legenda não integra a base aliada do Governo Federal. Para o professor Josênio Parente, a "democracia brasileira está permitindo que não haja mais hegemonia", e sim uma "diversidade de poder". A única capital em que o mesmo partido ocupa Prefeitura, Estado e Governo Federal é Rio Branco, no Acre, onde Marcus Alexandre (PT) elegeu-se prefeito numa disputa apertada com o tucano Tião Bocalom.
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