“Lutamos para conseguir conquistas para o povo estando ou não no governo”. Foi essas as palavras que ressoou, na noite de ontem, no Comitê Eleitoral do candidato petista à Prefeitura, Elmano de Freitas, após o anúncio da vitória de Roberto Claúdio (PSB). Apesar da derrota nas urnas, o candidato disse que a campanha serviu para união do Partido dos Trabalhadores em Fortaleza e da indícios de que legenda fará oposição. Centenas de pessoas, entre militantes e lideranças políticas, acompanharam a apuração dos votos, na sede do comitê petista, na Avenida da Universidade, no Centro. O clima de apreensão tomava conta de todos. Antes da abertura das urnas, os petistas ainda acreditavam na possibilidade de vitória. Quando foi anunciado o cenário garantindo a eleição de Roberto Cláudio, a militância abateu-se, mas, entre abraços e choros, afirmavam que “eles vão saber o que é oposição”. A confraternização no comitê seguiu sem clima de tristeza. Elmano não estava no comitê. Às 19horas, ele seguiu para o local onde concedeu entrevista coletiva. Ao chegar, a militância aplaudiu, o que deixou Elmano emocionado com a manifestação. Cercado por lideranças do PT e sem a prefeita Luizianne Lins, , o petista agradeceu aos mais de 500 mil votos obtidos e lamentou práticas políticas, que, segundo ele, são consideradas “atrasadas” e “superadas” para o atual momento vivenciado pela Cidade. Ainda segundo ele, houve abuso do poder econômico da coligação adversaria. Contudo, irá procurar a Justiça para que sejam apuradas. “Estamos satisfeitos e muito agradecido com o povo. Somos partidos de luta e iremos continuar lutando para o bem do nosso povo”, disse, ressaltando que, em breve, o discurso dos adversários irá modificar. “Ouvia sempre que se resolvia de maneira muito fácil os problemas da cidade. Mas, em breve, haverá um discurso de que os problemas históricos não se resolvem em um curto espaço de tempo. Da mesma maneira, que não se concebeu o plano de violência. Daqui a pouco, o discurso será diferente”, salientou. Ainda segundo ele, a divergência entre PT e PSB restringe somente a Fortaleza, haja vista que a nível nacional o partido continua defendendo o governo da presidente Dilma Rousseff. No Ceará, os rumos do partido com o PSB dos Ferreira Gomes será decidido “coletivamente”. Após a ruptura entre PT e PSB, os partidos resolveram lançar suas próprias candidaturas. O PSB, representado pelo governador Cid Gomes decidiu lançar a candidatura de Roberto Cláudio. O PT, por sua vez, lançou o candidato Elmano de Freitas. Segundo ressaltou, para quem falava na disputa de duas máquinas, o pleito destacou “de fato, uma máquina. De fato, um partido político”, referindo-se às diversas prisões por compra de voto. Para ele, as coisas não são iguais, pois a legenda atuou com sua militância. Elmano ressaltou, ainda, que seu futuro político também será compartilhado pelo partido. Seu projeto pessoal será retornar a advogar para os movimentos sociais. Aos militantes, após a coletiva, Elmano disse que o partido tem a “obrigação legal e democrática de mostrar à população o que a oligarquia de Sobral fez para ganhar a eleição”. Conforme ainda destacou, “o PT estará ao lado do povo em qualquer circunstância”. MEDIDAS JUDICIAISAntes das aberturas das urnas também, em coletiva, o coordenador da campanha petista, deputado Antônio Carlos, em coletiva, também na sede do partido, registrou que o PT está juntando provas, para que medidas judiciais sejam tomadas perante ao pleito municipal. Conforme destacou, a eleição foi marcada, segundo ele, por um festival de abuso eleitoral, desde a compra de voto até abuso do poder eleitoral. “Iremos tomar todas as medidas cabíveis. As provas são consistentes. Temos elementos suficientes para que a candidatura sofra as sanções jurídicas”, pontou, acrescentando que “surpreende é a utilização de meios absurdos para vencer o pleito”. Guilherme Sampaio (PT) afirmou que, desde o início da manhã, o número de denúncias de compra de voto era grande. Segundo ele, a estratégia para conter o fato foi iniciada antes do meio-dia. CIENTISTAS POLÍTICOSApesar das suspeitas de compra de voto, o professor Francisco Moreira, da Universidade de Fortaleza, destacou que o reflexo da má avaliação da prefeita Luizianne Lins contribuiu para a derrota da candidatura petista. Segundo ressaltou, a eleição teve caráter “plebiscitário”, em que dois projetos políticos veiculados aos padrinhos políticos de ambos os candidatos estavam em jogo. Josênio Parente, da Universidade Federal do Ceará (UFC), também acredita que a má avaliação de Luizianne Lins influenciou o resultado final das eleições deste ano. PREFEITURASCom as vitórias no segundo turno de Roberto Cláudio, em Fortaleza, Mauro Mendes, em Cuiabá, e Mauro Nazif, em Porto Velho, o PSB passou a ser o partido que governará o maior número de capitais no País, tomando o posto do PMDB e do PT, que empatavam em número de municípios liderados. Nas 50 cidades, capitais e interior, onde houve disputa eleitoral em segundo turno, o PSDB e o PT elegeram o maior número de prefeitos. Aos petistas coube a vitória na maior cidade do país, São Paulo, administrada por quase uma década pelo PSDB.(Laura Raquel, da Redação)