Na reta final para o desfecho das coligações partidárias no Ceará, poucas legendas aliadas ao Governo no Estado avançaram no quesito elaboração de propostas para o plano governamental. Algumas siglas já indicaram especialistas para sugerir pontos que vão integrar o projeto do candidato governista ao Executivo. Porém, outras agremiações estão em banho maria esperando o desenrolar do processo de sucessão estadual e ainda não sabem como e se vão contribuir com o programa do escolhido pelo governador Cid Gomes (PROS). Cid, dizem os aliados, só baterá o martelo sobre o nome que representará a coligação liderada pelo PROS no dia 29 de junho, véspera do prazo final estabelecido pela legislação eleitoral. Segundo o gestor, o momento é de dialogar com os aliados e ouvir queixas e propostas para o projeto que deve contar com o apoio de mais de 20 partidos. O presidente estadual do PT, Diassis Diniz, afirma que já foram escolhidos técnicos petistas para discutir as principais áreas governamentais. Ele afirma que haverá dois seminários, no mês de julho, para pontuar as prioridades da legenda: um sobre a interiorização dos investimentos e a convivência com o semiárido, que será em Quixadá, e outro que vai pautar as políticas de segurança pública e os desafios nas ações de saúde, a ser realizado em Fortaleza. Entre os indicados para propor ideias nos grupos especializados estão Arimá Rocha (segurança), ex-diretor da Guarda Municipal; Odorico Monteiro (saúde), ex-integrante do Ministério da Saúde; Roberto Smith (desenvolvimento econômico), ex-presidente do Banco do Nordeste; deputados Artur Bruno e Rachel Marques (educação) e Paulo Victor (cultura), lotado na Secretaria Estadual da Cultura. Militantes O deputado André Figueiredo, que preside o PDT cearense, diz que o partido selecionou os militantes que discutirão educação (Fátima Vilanova, professora, e Flávio Torres, presidente de honra do PDT), trabalho (Josbertini Clementino, secretário estadual), esporte (Márcio Lopes, gestor da Secretaria Municipal de Esporte) e microfinanças. Segundo Figueiredo, as discussões seguem o documento que o partido aprovou nacionalmente definindo as estratégias de apoio às candidaturas ao Governo Federal e aos governos estaduais. O dirigente relata que a sigla tem atenção especial com a educação e a segurança pública, através da valorização da Polícia Militar. Para gerar renda, o PDT quer priorizar a qualificação profissional, ampliando as linhas de microcrédito. O deputado Genecias Noronha, do Solidariedade, declara que o partido tem participado das reuniões promovidas pelo PROS, mas afirma que os encontros estavam vagos, porque a primeira agenda em que Cid esteve presente ocorreu somente no último dia 9. Nos encontros anteriores, ele não participou. Gabinete O parlamentar aponta que o presidente estadual da agremiação, Júnior Noronha, tem discutido as propostas de Governo, mas ele não soube informar se alguma delas foi enviada ao gabinete do governador. Das áreas temáticas do Executivo, o Solidariedade só indicou nomes para debater a saúde (deputado Fernando Hugo) e educação (professora Aldenisa Noronha). O presidente do PPS no Ceará, Alexandre Pereira, informa que não enviou nenhuma sugestão para a elaboração do plano de Governo, alegando que ele e o secretário geral da legenda, Herbert Lobo, serão os responsáveis por discutir as propostas da legenda com os demais aliados. O PPS também tem um impasse a resolver. Uma resolução nacional do partido - que vai apoiar a candidatura a presidente da República de Eduardo Campos - impede que a sigla entre em qualquer coligação com o PT, que hoje apoia o Governo do Estado. De acordo com Alexandre Pereira, ele terá uma reunião em Brasília, no dia 27, com dirigentes nacionais do PPS, antes da convenção estadual do PROS. "Vai ficando cada vez mais complicado", admite Pereira. O deputado Tin Gomes, dirigente do PHS, diz que indicou dois nomes para levar as propostas do partido para a construir o documento. Um dos representantes é ele próprio, que vai debater a "parte social". Questionado sobre o que engloba esse termo, responde: "abrange esporte, cultura, lazer, primeiro emprego. Juntaram tudo na área social". O outro nome da cota do PHS é o deputado Augustinho Moreira, filiado ao PV. Perguntado sobre o porquê de indicar uma pessoa de outro partido, ele justifica que, quando escolheu o nome do parlamentar, o PV ainda não era oficialmente aliado do Governo Estadual. "Agora tô pensando em indicar outro", frisa. Já o PSD ficou na corda bamba nas últimas semanas e chegou a cogitar apoio à candidatura do senador Eunício Oliveira, seguindo orientações nacionais. Porém, a agremiação que sempre caminhou lado a lado com Cid Gomes foi acalmada e resolveu permanecer no arco de aliados do governador. Inerte A instabilidade por que passou a legenda nos últimos tempos, segundo o presidente estadual Almicir Pinto, deixou a agremiação inerte no tocante à elaboração de propostas para o Governo. "Hoje (16 de junho) o partido vai pela primeira vez ao encontro (com os partidos da base) depois de ter resolvido o impasse". "Nós, da direção estadual, pensamos que agora que vamos começar o processo", completa. Outra legenda que está com destino incerto é o PCdoB. A agremiação insiste em apoiar a reeleição de Inácio Arruda, mas o grupo do governador ainda não deu sinalização de que apoiará a candidatura do senador. O deputado José Guimarães (PT) também pleiteia o apoio da coligação para a vaga do Senado. "Não enviamos nenhuma proposta. Temos sugestões para as mais diversas áreas, mas não formalizamos nenhuma", declara Luiz Carlos Paes, presidente do PCdoB cearense. O dirigente relata que já conversou com Eunício Oliveira, reconhecendo que hoje se configura uma possibilidade ao PCdoB, mas deixa claro que está participando das reuniões com o grupo de Cid Gomes. "É uma alternativa que está posta, mas nós não definimos uma coligação com Eunício. Nós temos conversado com todo mundo", esclarece. O presidente do PTdoB no Estado, Haroldo Abreu, está cotado para debater ações para a saúde que devem constar nas propostas de Governo. A sigla também indicou representantes para discutir políticas sociais, segurança e educação. Ele cita como sugestões a criação uma casa de saúde em Fortaleza para abrigar pessoas doentes do Interior e a organização de um conselho político formado por dirigentes partidários para auxiliar o trabalho do Governo Estadual.