O efeito Lula
Nada mais previsível, a visita de Lula se transformou no maior ato desta campanha. Teve dimensão como apenas o ex-presidente é capaz de mobilizar no Brasil de hoje. Mas, qual o efeito prático? Tanto anteontem quanto ontem, o governador Cid Gomes (PSB) minimizou. O principal padrinho da candidatura de Roberto Cláudio (PSB) destacou que a imagem de Lula já foi superexplorada pela campanha de Elmano de Freitas (PT). De fato, é difícil que alguém em Fortaleza não saiba há meses que o petista é o candidato do ex-presidente. Por outro lado, o governador fez o discurso possível. Porém, mostrou mais sinceridade no 1º turno, ao comentar o que então era mera possibilidade de engajamento de quem o apoiou em duas eleições: “Se ele (Lula) não vier, melhor”. Melhor para Roberto Cláudio, evidentemente. Além disso, Cid também é arroz de festa em nove entre 10 peças da campanha do PSB. E, diferentemente do líder petista, é ainda figurinha fácil nas ruas pedindo voto para seu pupilo. Nem por isso se furtou a se licenciar e, em cima de uma esquisita motoneta, ir atrás de votos. Nos últimos anos, as campanhas naturalmente mudaram muito. O impacto da presença física do ex-presidente é muito diferente, por exemplo, em relação ao comício de 2002, na mesma Praça do Ferreira. Ainda assim, evento na dimensão vista ontem mexe com a vida da cidade, empolga a militância e, sobretudo, multiplica-se nas redes sociais e no Horário Eleitoral. Pode, sim, influenciar indecisos e até virar alguns votos. É uma arma poderosa. Assim como a licença de Cid em favor de Roberto Cláudio - de efeito inegavelmente menor isoladamente, mas que terá continuidade até o dia 28. Cada um com seu impacto, são fatores que, todavia, não necessariamente serão determinantes sozinhos. Mas acrescentam ingredientes cruciais nesses últimos momentos.