Uma mobilização nacional que, no Ceará, reuniu médicos, sociedade civil e políticos. No Dia do Médico, comemorado, ontem, a categoria reivindicou por aumento dos valores pagos pelos planos de saúde, melhores condições de trabalho e mais autonomia na relação entre médico e paciente. A atenção ao Sistema Único de Saúde (SUS) também foi discutida, resultando na assinatura de um termo de compromisso pelos candidatos à Prefeitura de Fortaleza. O presidente do Sindicato dos Médicos do Estado do Ceará (Simec), José Maria Pontes (foto), afirmou que as paralisações serão mais frequentes. A mobilização, segundo o médico, já havia acontecido anteriormente, porém, os planos de saúde não corresponderam no sentido de suprir as necessidades profissionais dos médicos. “A manifestação não é somente em defesa dos médicos, mas da população, que é quem mais se prejudica”, destacou. De acordo com o presidente do Simec, em todo o Brasil, são 49 milhões de pessoas que têm o serviço de assistência hospitalar privado. Segundo a Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS), o Ceará tem 1,12 milhão de usuários do serviço de saúde particular. “Esperamos que, a partir de hoje, as empresas respondam às reivindicações”, frisou José Maria. VALORES E COMPROMISSODe acordo com informações do Simec, os valores pagos por procedimentos, atualmente, variam entre R$ 35,00 e R$ 60,00. Segundo o vice-presidente do Conselho Regional de Medicina do Estado do Ceará (Cremec), Lúcio Flávio Gonzaga, os planos de saúde interferem na autonomia do médico, restringindo os exames solicitados e limitando suas ações, causando interferência na relação médico-paciente. O vice-presidente afirmou que existe uma disparidade entre os valores pagos pelas operadoras aos médicos e os postos aos usuários. “Essa desigualdade, que o Conselho entende como injusta, é preocupante e foi o que motivou essa paralisação”, afirmou Lúcio Flávio. Conforme ele, nos últimos 12 anos, a inflação nos planos de saúde foi de 119%, entretanto, para os médicos, o repasse foi de apenas 60%. Para os usuários, ainda de acordo com o médico, os planos majoraram a subprestação, equivalente a 150%. Os candidatos à prefeitura de Fortaleza, Roberto Cláudio (PSB) e Elmano de Freitas (PT) estavam presentes a manifestação e expuseram suas propostas para Saúde. Os dois afirmaram que, se eleito, irão firmar compromisso com a Saúde e esperam sentar-se à mesa com o presidente da Simec para negociar em melhorias para a saúde pública. SUSPENSÃONo começo deste mês, a ANS decidiu proibir, até janeiro de 2013, a venda de 301 planos de saúde no País, administrados por 38 operadoras. A decisão deu-se pelo fato de os planos descumprirem os prazos estabelecidos para os atendimentos médicos, realização de exames e internações. Levando em consideração, também, o quadro caótico que se encontram nos atendimentos de urgência e emergência. PLANOS DE SAÚDEAs duas principais empresas de planos de saúde do Ceará, Hapvida e Unimed, afirmaram que a paralisação não atrapalhou o atendimento durante o dia de ontem. Ambas confirmaram que os pacientes estavam sendo atendidos, normalmente, nos hospitais das redes. Em casos de urgência e emergência os pacientes não são afetados. Através de nota, a Unimed Fortaleza informou que não havia paralisação no atendimento e os serviços da rede própria continuavam com funcionamento integral. Reforçou, ainda, que, por ser uma cooperativa médica, as negociações são feitas diretamente com os cooperados e em comum acordo. Os valores referentes a 2012, de acordo com a nota, já estão atualizados e os profissionais recebem R$ 66,00 para consultas do Multiplan, representando aumento de 20%, e R$ 150,00 referentes às consultas do Unimed Estilo. Esclareceu, também, que a empresa não faz nenhuma interferência na relação paciente-médico.A Hapvida, apenas, informou que não estava havendo problemas em relação à paralisação, sem mais informações. (Colaboração de Rochana Lyvian)