O vereador Leonelzinho Alencar (PTdoB) foi ontem depor no processo que investiga denúncias de nepotismo; uso ilícito de verbas públicas e acúmulo de cargos nas prefeituras de Fortaleza e São Gonçalo do Amarante.
Ele chegou à sede da Procuradoria dos Crimes contra a Administração Pública (Procap) acompanhado do advogado Paulo Quezado e negou qualquer envolvimento nos casos.
Contra ele, também, existem denúncias de que seus “apadrinhados”, mesmo não estando enquadrados no perfil do programa Bolsa Família, do governo federal, estariam fraudando o cadastro para receberem o benefício.
Leonelzinho disse ser vítima de “perseguição política” por membros do PSDB e PSOL que, somente, em Messejana, “andam de mãos dadas”. Segundo ressaltou, não existem verbas indevidas no Instituto Jáder de Alencar. “Ele [Instituto] presta um serviço social e todos os parlamentares têm direito a emendas. As minhas destino a instituições sérias e o Instituto é uma delas”, salientou o parlamentar, acrescentando que as prestações de contas estão à disposição da Justiça. Caso necessário, ele disse estar disposto a prestar novos esclarecimentos.
“NADA FICARÁ SEM RESPOSTA”Paulo Quezado, porém, tentou minimizar os fatos. À imprensa, ele disse que “nada ficará sem resposta”.
Ou seja, à medida que chegarem à Justiça, as denúncias serão respondidas. Conforme afirmou, Leonelzinho justificou os devidos afastamentos dos cargos exercidos nas Prefeituras, assim que iniciou o mandato eletivo. Agora, segundo ele, aguardará o relatório do Ministério Público para prosseguir na defesa.
Além do MP Estadual, o parlamentar pode ser investigado pelo Ministério Público Federal devido ao recebimento ilícito de verba por parte de sua esposa, Adriana Alencar, do programa Bolsa Família. Na última semana, o depoimento de uma ex-funcionária da Secretaria Executiva Regional (SER) VI reacendeu novas denúncias contra o parlamentar e o programa federal. As denúncias foram realizadas pelo deputado Fernando Hugo (PSDB) e a vereadora Toinha Rocha (PSOL), adversários do vereador.
TOMADA DE CONTASSegundo o promotor Ricardo Rocha, o depoimento será confrontado com outras documentações existentes, além do depoimento de outras pessoas. Ao final, caso seja comprovada a prática de improbidade administrativa, será ajuizada uma Ação Civil Pública contra o parlamentar, que, se considerado culpado, pode perder o cargo público, os direitos políticos por oito anos, pagamento de multa e ficar impossibilitado de contratar com o Poder Público.
Ainda segundo o promotor, Leonelzinho negou interferência na nomeação de parentes. No caso de esposa, lotada na Autarquia Municipal de Trânsito (AMC), o parlamentar informou que a mesma apresentou currículo e conseguiu o cargo. Mas, conforme Ricardo Rocha, a incidência de muitos parentes traduz a existência de algo errado.
Com relação às verbas destinadas ao Instituto Jader de Alencar, o MP solicitou ao Tribunal de Contas dos Municípios (TCM) a realização de uma Tomada de Contas Especial. Segundo informações da Corte de Contas, a Câmara Municipal de Fortaleza será notificada para fornecer as informações necessárias acerca das emendas parlamentares, sobretudo suas destinações. (Laura Raquel, da Redação)
SAIBA MAIS• O depoimento durou cerca de duas horas e meia. Na ocasião, Leonelzinho ainda afirmou ao procurador Ricardo Rocha que a ex-funcionária da Regional VI teria recebido suborno para depor contra ele. Segundo ressaltou o promotor, ela será ouvida novamente para novos esclarecimentos.