Adquirir, pelo menos, uma embarcação de cabotagem seria apenas uma na lista de exigências da GM
O governo do Estado, no intuito de atrair a montadora, que seria a General Motors (GM), para o Ceará, já está negociando a compra de dois navios de cabotagem (e não apenas uma embarcação), com uma instituição internacional, que irá disponibilizar os recursos necessários à aquisição, via financiamento.
Diário do Nordeste vem mostrando as investidas do governo estadual para garantir mais esse empreendimento de peso para o Ceará
A informação foi confirmada, ontem, por uma fonte do governo estadual. "Posso dizer que as negociações estão avançadas. Poderão ser até dois navios. Um custa na faixa de US$ 75 milhões", observou, destacando que, no caso de a compra ser de duas embarcações, o preço unitário poderá ser menor. No entanto, preferiu não revelar o nome da entidade que ficará responsável pelo empréstimo. "Uma equipe da Cearáportos inclusive já viajou para o exterior a fim de conhecer o tipo de navio mais de perto", acrescentou.
Uma exigência
Ainda de acordo com a mesma fonte, a embarcação é apenas um dos itens que constam na lista de exigências estabelecida pela fábrica de automóveis na mira do governo estadual. Seria a GM, fabricante de diversas marcas de veículos, dentre elas a Chevrolet, a montadora em negociação com o governo estadual.
A fonte esclareceu também que o governador Cid Gomes não pedirá recursos para comprar os navios à presidente Dilma Rousseff. Entretanto, ressaltou ser essencial o apoio do governo Federal para a concretização do negócio com a montadora no Ceará, sobretudo, no que diz respeito à execução de uma política de benefícios fiscais.
A importância dessa parceria com a presidente Dilma Rousseff já havia sido ressaltada ao Diário do Nordeste, dias anteriores, pelo secretário da Fazenda, Mauro Benevides Filho, quando este afirmara que o que tinha de ser feito pelo Estado para trazer a montadora para o Ceará já estava sendo realizado, o que faltava, segundo ele, na ocasião, era a participação decisiva do governo Federal.
Cearáportos Cabotagem
Sobre a modificação da razão social da Cearáportos para "Cearáportos e Cabotagem" - outra condição imposta pela montadora para vir instalar-se no Estado -, a fonte informou que para haver a mudança no perfil da empresa administradora do Porto do Pecém é necessário o encaminhamento de mensagem para a Assembleia Legislativa, solicitando a alteração da denominação.
Local garantido
No início de junho, autoridades locais confirmaram ao Diário que já existe uma área reservada para receber a montadora no Complexo Industrial e Portuário do Pecém (Cipp).
De acordo com o presidente da Federação das Indústrias do Estado do Ceará (Fiec), Roberto Macêdo, o governador Cid Gomes, em reunião com secretários e empresários, tinha divulgado que o setor III do Cipp estaria reservado para receber o empreendimento. O terreno fica próximo à BR 222. Na época, a informação chegou a ser confirmada, inclusive, pelo titular da Secretaria de Planejamento do Estado (Seplag), Eduardo Diogo; e pelo presidente da Agência de Desenvolvimento do Ceará (Adece), Roberto Smith.
Fabricantes não descartam cortes
São Paulo. As montadoras de veículos não descartam novas demissões no setor, apesar de a Anfavea (associação dos fabricantes) dizer que a diminuição dos estoques ajudará a manter o nível de emprego.
FotoMesmo com a redução de IPI para estimular as vendas no setor automotivo, as montadoras alegam estoques elevados e podem demitir FOTO: AGÊNCIA REUTERS
De acordo com o presidente da associação, Cledorvino Bellini, os cortes, se ocorrerem, serão principalmente no setor de caminhões -".´" No fim de maio, enquanto montadoras como Ford, Volkswagen/Man, Mercedes-Benz, Scania e Volvo anunciavam paralisações das linhas de produção para reduzir os estoques, as autopeças anunciavam antecipação de férias e, em alguns casos, demissões.
"Eventualmente alguma montadora pode ter problema, pode ter algum tipo de PDV . No setor como um todo eu vejo otimismo"´, afirmou.
Estoques
O nível de estoques nos pátios ainda permanece estável em maio, apesar da desoneração do IPI anunciado pelo governo no mês passado. Segundo a Anfavea, as vendas nas novas condições demoraram a ser contabilizadas. Os carros que estavam no estoque tiveram de ser faturados de novo para adequação às mudanças. No mês, os veículos nos pátios das concessionárias e montadoras era suficiente para 43 dias de vendas, o maior nível desde novembro de 2008, durante a crise. O trâmite entre reenvio de nota fiscal às montadoras aumentou o intervalo entre a data da venda e do emplacamento. Segundo a Fenabrave (associação das concessionárias), algumas marcas ainda estão terminando esse processo.
Segundo Bellini, da Anfavea, as vendas do início de junho já ajudaram a trazer o número para menos de 40 dias. Ele acredita que os estoques retornem para níveis normais, de 30 a 35 dias, antes do fim das medidas, no fim de agosto.
ILO SANTIAGO JR.Repórter