A Secretaria Municipal de Saúde (SMS) e a Secretaria de Saúde do Estado do Ceará (Sesa) já iniciaram a mobilização de agentes e ações para o ano de 2016 no combate a focos do mosquito Aedes aegypti - transmissor da dengue, chikungunya e zika, vírus que está ligado à epidemia de microcefalia em todo o País. Conforme a SMS, entre 15 de dezembro de 2015 e 23 de janeiro deste ano, 122.339 imóveis já foram trabalhados, e em 9.517 havia depósito de água, precisando, assim, da aplicação de larvicida. Desses, 360 tinham focos.
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Conforme o gerente da Célula de Vigilância Ambiental de Riscos Biológicos, Nélio Morais, segundo levantamento da última segunda-feira (25), existem cerca de 1 milhão e 700 mil imóveis na Capital. Destes, 116 mil costumam apresentar novos focos a cada visita dos agentes de saúde. Para ele, lidar com o combate à dengue é um processo de grande complexidade. "É uma realidade gritante, e este grande número de imóveis possui problemas de aspecto sanitário, entre eles a infestação do mosquito. O que a gente pode fazer é fortalecer o controle", diz.
Nélio Morais diz que, desde dezembro, mutirões de combate já visitaram, nas sextas-feiras, bairros como José Walter, Vicente Pinzón e Edson Queiroz, locais já mapeados pela Prefeitura como áreas com maiores número de casos e vulneráveis à proliferação do mosquito. Nesta semana, a ação acontece na Praia do Futuro I e II; e, em fevereiro, nos bairros Parque São José, Parque Presidente Vargas e na comunidade Cristo Redentor.
Apoio
Em todo o Estado, as ações já estão sendo reforçadas e realizadas desde meados de dezembro de 2015, garante o coordenador do Comitê Estadual de Enfrentamento ao Mosquito Aedes aegypti, Moacir Tavares.
Além disso, a partir de quinta-feira (27), o Ceará inteiro também passa a contar com apoio de 230 integrantes do Exército, sendo 200 na Capital e 30 em Crateús. Eles receberam treinamento adequado e deverão acompanhar os agente de saúde, fortalecendo a inspeção dos imóveis. Os soldados vão, ainda, realizar um trabalho especial de vedação das caixas d'água, ato cuja legislação municipal já obriga o cidadão a cumprir.
Morais destaca, ainda, algumas ações da Prefeitura que estão sendo realizados seguindo o cronograma dos bairros, como a Operação Foco no Foco, que visita imóveis assinalados como sendo de alto risco, pois os focos de dengue costumam se repetir mesmo com a visita periódica dos agentes a cada dois meses, passando a receber visitas semanais; a Operação Quintal Limpo, que distribui sacos de lixo para a população retirar materiais passíveis de acúmulo d'água; a formação de brigadas contra a dengue em empresas, condomínios.
Envolvimento
Outro ponto importante citado é o envolvimento na área da educação no combate. Conforme Nélio Morais, professores de 300 escolas particulares de Fortaleza e 400 escolas públicas estão sendo capacitadas para assumir a responsabilidade de eliminar criadouros e repassar conhecimentos de prevenção e combate para outros professores e para os alunos. "Se a rede de educação assimilar isso, teremos respostas mais complexas", ressalta.
De acordo com Moacir Tavares, o projeto de lei para garantir que os agentes de saúde entrem em todas as casas do Ceará, destinado, principalmente, àqueles imóveis onde há resistência à tentativa de inspeção dos agentes, ou que estejam fechados ou abandonados, citado pelo governador Camilo Santana em dezembro, foi enviado à Assembleia Legislativa e deve ser discutido em fevereiro. Entretanto, ele diz que estes locais, apesar de muitas vezes possuírem focos, ainda são minorias, e que a preocupação maior da Secretaria, no momento, é combater os possíveis pontos nos domicílios.
A dengue, somente em 2015, deixou 55.588 pessoas doentes e ocasionou 72 óbitos em 172 municípios cearenses. O governador anunciou no lançamento do Plano Estadual, além da inclusão do efetivo militar, 4 mil agentes de endemias e 18 mil agentes de saúde em todo o Estado para intensificar as ações de visita casa a casa. Além disso, três toneladas de larvicida, já distribuídas aos 184 municípios, serão utilizadas na eliminação dos focos de infestação domésticos.
O Governo do Estado garantiu, ainda, 250 pulverizadores portáteis para aspersão de inseticida e 33 carros fumacê no combate ao mosquito. Estão disponíveis 1.366 litros de inseticida e 25 mil litros de óleo de soja (solvente), suficientes para pulverizar 17 mil quarteirões. (Colaborou Ana Lídia Coutinho)
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