Os contribuintes devem preparar o bolso para um cenário de aumento nas tributações. Com problemas para reequilibrar as contas públicas, o Governo Federal estuda alternativas, entre elas a possibilidade de aumento de impostos. O Governo corre contra o tempo para mudar a proposta orçamentária que mandou para o Congresso. A que foi enviada prevê um déficit de R$ 30 bilhões, mas como a equipe econômica já disse que vai trabalhar por um superávit primário de 0,7% do PIB (Produto Interno Bruto), faltam R$ 60 bilhões para fechar essa conta. O jornal O Estado, então, conversou com alguns parlamentares federais para descobrir o que pensam os políticos cearenses sobre as propostas da União.
O deputado Cabo Sabino (PR) rechaçou qualquer tentativa de aumento de impostos no País. Ele entende que não há clima para se aprovar propostas nesse sentido no Congresso e nem razões para isso, pois a carga tributária já é muito alta sobre a renda dos trabalhadores. Para o parlamentar, a falta de planejamento do Governo levou o país às atuais dificuldades financeiras.
“Sou contrário. O povo já paga imposto demais. Ele não pode pagar o preço da má gestão. O Governo precisa cortar gastos, reduzir o número de ministérios e custeio, como diária, combustíveis, enfim, reduzir o custeio com terceirizados”, disse, acrescentando que “falta meta e organização administrativa”. “Quando as contas não fecham, encontram como solução passar para o trabalhador pagar mais tributos. Isso só onera mais o cidadão”, alertou.
Ao comentar o momento difícil que a gestão Dilma enfrenta, o deputado Chico Lopes (PCdoB) afirmou que, pessoalmente, tomaria outro caminho, explicando que os economistas sempre repetem o mesmo “receituário” para conter uma crise econômica: reduzir gastos e aumentar imposto. Aliado do Governo, o comunista defende taxação dos grandes empresários, como os banqueiros.
Entretanto, disse que trabalhará para ajudar o Governo a sair deste problema. “Como o Governo não tem outra saída. Não existe milagre. Vamos discutir bastante o assunto, porque se demorar mais, a solução ficará ainda mais cara. Vamos emendar, se for possível, precisamos encontrar uma solução”, pontuou.
Em estudo
Segundo o líder do Governo na Câmara, José Guimarães (PT), o governo está elaborando aditivo para tentar solucionar a previsão de R$ 30,5 bilhões em déficit previsto na proposta orçamentária de 2016. A proposta pode ser concluída até o final deste mês. Ele sinalizou que o ajuste deve ir além das medidas de cortes administrativos. Segundo o líder, caberá à presidente Dilma decidir sobre o melhor caminho para tapar a diferença entre receitas e despesas, após ouvir todos os segmentos da sociedade.
Para Guimarães, a solução deve ir além da reforma administrativa já anunciada pela Presidenta, que inclui – entre outros cortes – a redução de dez ministérios do Executivo, que ele classificou como “economia de palito”. “É claro que o impacto fiscal da reforma administrativa não vai resolver o problema do déficit orçamentário, mas é o simbólico. Houve uma pressão para reduzir o número de ministérios. Governos anteriores aumentaram de 18 para 24, de 24 para 32 e ninguém fala nada. Isto é economia de palito, mas tem que fazer pelo simbólico”, disse.
O parlamentar disse que o “remédio amargo” anunciado como solução para equacionar o problema seriam estes cortes e não restrições aos recursos já anunciados para os programas sociais como o Minha Casa, Minha Vida. “O Governo, em minha opinião, não deveria cortar programas sociais que, para mim, são investimentos”, disse.