Ao longo das últimas décadas, a rotatividade de partidos políticos no Brasil foi intensa. Legendas recentes, como PSD, Solidariedade e PROS, enfrentam dificuldades de consolidar um projeto nacional e ideológico consistente. Na avaliação de cientistas políticos, a criação dessas novas siglas obedece a interesses regionais e pessoais, embora estejam vinculadas à figura de caciques políticos nacionais. Segundo os especialistas, a maioria das agremiações jovens segue os mesmos vícios de partidos antigos. Hoje, o PSD nacional integra a base da presidente Dilma Rousseff com o ministro das Cidades, Gilberto Kassab. No Ceará, elegeu dois deputados estaduais. Com a morte do deputado Welington Landim (PROS), o primeiro suplente da coligação, Leonardo Pinheiro (PSD), foi efetivado na Casa. Outro suplente da legenda, Professor Teodoro, está atuando no Legislativo cearense em substituição a parlamentares titulares licenciados. O PSD foi fundado em 2011 pelo ex-prefeito de São Paulo Gilberto Kassab, antes filiado ao DEM, que está na faixa opositora ao Governo Federal. A aproximação da nova legenda com a base aliada do Executivo está no contexto da criação da maioria dos partidos políticos. "É uma movimentação clara no sentido de atender a interesses classistas, corporativos e de apoio à adesão ao governo na máxima patrimonialista", explica o cientista político Sérgio Néry. Na contramão da lógica governista, está a criação do Solidariedade (SD), em 2013, na véspera do prazo final estabelecido para que pretensos candidatos mudassem de partidos com o fim de concorrer nas eleições de 2014. A agremiação foi criada pelo deputado Paulinho da Força, ex-PDT e ligado à Força Sindical. "O Solidariedade foi criado para acomodar determinados grupos que estavam associados com entidades sindicais", diz o cientista político Horácio Frota. No Ceará, o SD elegeu dois deputados estaduais no último pleito, Aderlânia Noronha e Lucílvio Girão. O suplente Fernando Hugo conseguiu vaga na Casa para cobrir licença de deputados que estão assumindo secretarias no Governo. O deputado federal Genecias Noronha (SD) conseguiu se reeleger em 2014. Apesar de fazer oposição ao Governo Federal, o partido alega que se posiciona de forma independente no Ceará em relação à gestão Camilo Santana. Um dos partidos com maior capilaridade no Estado, o PROS foi criado em 2013, à época do SD, mas com perfil governista. No Ceará, a legenda acolheu o grupo ligado ao ex-governador Cid Gomes, que deixou o PSB. Pulverização Na última eleição, o PROS fez a maior bancada da Assembleia Legislativa, com 12 deputados estaduais, e três federais. O partido também conta com o maior número de prefeitura do Estado. O professor Sérgio Néry salienta que há uma pulverização na criação de novas siglas que tende a fragilizar o sistema partidário. "Essa miríade de partidos políticos acaba confundindo do ponto de vista ideológico e, em vez de atrair a atenção dos eleitores, afasta, fragiliza o sistema", avalia o docente. O acadêmico acrescenta que a maioria desses partidos está submetida a decisões de caciques políticos. "É o cacicado. A vida partidária brasileira não é marcada pela pluralidade. Existe um conselho político que vem de cima para baixo", aponta. Para Horácio Frota, os novos partidos acabam reproduzindo velhos vícios das legendas. "Esses partidos já nasceram caducos, nasceram com todos os males dos partidos conservadores".