NY(EUA) 16 graus – Sempre entendi leitura, viagem e boa companhia como ícones para uma vida feliz. Mas isso não é fácil. Boa leitura anda muito difícil. Temos sempre que voltar a Kant, quando as coisas ficam descontroladas e se lançam livros aos borbotões, tantos deles desprovidos de conteúdo, mas prenhes de vaidades. Muita coisa, quase tudo dando preferência ao pronto, aos releases do dia a dia. As viagens andam caras, não porque está nas alturas, mas porque leitos pelo mundo ficam cada vez mais distantes de bolsos proletários e honestos, que não recebem tocos, não cultivam o hábito do boiadeiro. E as boas companhias, essas então andam pela hora da morte. Como se não bastasse a presença, cada vez mais, mau caráter nas salas, nos salões, nas camarinhas, nas camarilhas, a gente ainda tem, sugado de nós, pessoas verdadeiras, limpas, honestas, benfazejas. Estão nos privando dos meigos, dos inteligentes, dos corajosos, dos que quebram grilhões e encaram cada verdade, ou cada mentira, com a consciência clara de que aquilo é bom pra todo mundo. Vejo, aqui nos Estados Unidos, um jovem político de tão pouca idade, 39 anos, falando de igual para igual com o mundo das fundações, dos empresários, dos outros políticos vividos e caminhantes de belas histórias. Roberto Claudio consegue orgulhar a gente que está por perto e nos orgulharia se estivéssemos distante porque sabemos o quanto esse menino honra sua história de vida e de seus mais distantes anteriores familiares. Mas, e tudo na vida tem um mas, o destino nos reserva que a felicidade é fugaz e não é fácil ser feliz. Aqui, longe de casa, escrevendo esta coluna com a alma genuflexa por respeito ao que abracei, a verdade, sinto como não é fácil ser feliz. Welington Landim nos deixou e isso dói. Isso magoa a emoção. Isso mata um pouco do que resta de esperança de conviver com gente honesta, verdadeira...gente. Era uma das raras companhias que me restavam, e quase bastavam para me fazer feliz.