Deputado Agenor Neto diz respeitar estratégia da base aliada, mas criticou a não liberação de apartes para que a oposição fizesse contraponto
FOTO: FABIANE DE PAULA
Os deputados da base governista na Assembleia Legislativa do Ceará utilizaram todos os tempos do Primeiro Expediente, na sessão de ontem, no intuito de impedir os ataques da bancada de oposição ao Governo Camilo Santana. A manobra já foi praticada há algumas semanas pelos opositores, que utilizaram o mesmo tempo para criticar a situação da Saúde no Estado.
Quando oposicionistas criticaram a administração da área da Saúde, no último dia 13 de maio, aliados concordaram que não tinha algo a ser defendido, uma vez que a condição era crítica. Por sua vez, na sessão ordinária de ontem, foi a vez dos governistas alinharem o discurso para fazer uso da palavra na tribuna da Casa Legislativa.
Pronunciaram-se no Primeiro Expediente da sessão os deputados estaduais Joaquim Noronha (PP), Rachel Marques (PT), Sérgio Aguiar (PROS) e Evandro Leitão (PDT), que falou durante 45 minutos, já que os vice-líderes Júlio César Filho (PTN) e Leonardo Pinheiro (PSD) cederam seus ao pedetista.
Aos opositores restou a participação nos apartes e durante a Ordem do Dia, quando utilizaram três minutos para fazer considerações. Todos os membros da oposição estiveram presentes na sessão ordinária de ontem, mas as críticas feitas por eles não ecoaram na Casa.
Obras
Enquanto Joaquim Noronha (PP) destacou a importância das obras do Cinturão das Águas e da Transposição das Águas do Rio São Francisco, Rachel Marques defendeu investimentos chineses na economia brasileira.
Sérgio Aguiar deu destaque à primeira experiência do governador Camilo Santana no chamado Governo Itinerante. Já Evandro Leitão comemorou parceria entre Prefeitura de Fortaleza e Governo do Estado na construção de novo Instituto Dr. José Frota (IJF). "Isso é reflexo das reuniões que estamos tendo, buscando ocupar mais os espaços dessa Casa. Temos uns 30 deputados que são da situação e não podemos estar os quatro dias sem ocupar esses espaços", afirmou Leitão.
Segundo ele, o fato de quase metade da atual Legislatura ser composta por novatos pode revelar a falta de experiência de alguns parlamentares, mas aos poucos, aposta, esses deputados podem colaborar com a gestão. "Esses deputados podem nos ajudar, apesar de termos 50% de novatos. Mas isso é importante, e aos poucos eles vão se soltando À medida em que vão subindo na tribuna, vão adquirindo experiência", opina.
Júlio César Filho lembrou que as reuniões dos governistas visam afinar temas relevantes para a administração atual, possibilitando maior segurança para que esses parlamentares levem para a tribuna assuntos positivos sobre o Governo. "Mas vale lembrar que isso não acontece de forma imposta, é natural que o parlamentar governista faça defesa da gestão. A oposição já fez isso no passado, ou seja, é normal do parlamento", defendeu.
Organizada
Rachel Marques disse que sempre procura chegar cedo à Assembleia para se inscrever e fazer o uso da palavra. Na manhã de ontem, parlamentares chegaram às 6 horas no intuito de evitar qualquer ataque feito ao Governo. A petista apontou que a oposição da atual legislatura é mais organizada e tem feito reuniões, o que contribuiu para um melhor debate na Casa. "Isso reforça o espaço de debate e embate na Assembleia", avalia.
O deputado Agenor Neto (PMDB) diz concordar com a atitude dos aliados, mas ressaltou os apartes não foram liberados para que os oposicionistas fizessem contraponto. Ele reclamou, por exemplo, de que durante as falas dos governistas, não foi permitido à oposição fazer o uso necessário da palavra.
A mesma ponderação foi feita pela deputada Silvana Oliveira (PMDB), que, durante discussão sobre a ampliação do IJF, queria debater o tema, com foco na utilização de outros equipamentos públicos, como o Hospital da Mulher, em Fortaleza. "Eu acho indelicado não ceder os apartes para ouvir o contraditório. Se é um debate, tem que ouvir quem pensa diferente de você", alega.
Já o deputado Walter Cavalcante (PMDB) observa com normalidade a estratégia governista de assumir todos os tempos para fazer defesa da gestão. "Os jornais trazem matérias que não são interessantes para o Governo e, para rebater as matérias, o os governistas apresentam essa estratégia de todos os aliados utilizarem o tempo de fala. Isso é normal dentro do Legislativo", destaca o peemedebista.