Para o deputado Danilo Forte, a Petrobras vem sendo administrada de forma relaxada e que é muito grande o prejuízo causado ao Estado
FOTO: FERNANDA SIEBRA
A informação de que os projetos das refinarias Premium I e II, no Maranhão e no Ceará, foram descartados do plano de investimentos da Petrobras pegou os parlamentares cearenses de surpresa. O anúncio foi feito no último dia 22 de janeiro, com a publicação do balanço da estatal referente a penúltimo trimestre de 2014.
A Refinaria Premium II era uma das principais promessas de investimentos federais aguardadas pela população cearense. O ex-governador Cid Gomes era um dos mais entusiastas. O Ceará fez todos os investimentos necessários para entregar à Petrobras o terreno para edificação da obras e, pessoalmente, o governador viajou para países da Ásia em busca de parceiros para a construção da obra em sociedade com a estatal brasileira.
Além disso, parlamentares, como o presidente da Assembleia Legislativa, Zezinho Albuquerque (PROS), iniciou uma série de visitas a alguns municípios do Estado para explicar como funcionaria o empreendimento e os impactos econômicos que traria. Em entrevista concedida ao Diário do Nordeste em dezembro passado, Albuquerque chegou a dizer que daria continuidade ao trabalho em 2015.
Defendendo
"Eu acredito que a Refinaria ainda vem, e na política é assim, quando se mobiliza as pessoas, as coisas acontecem. A Refinaria vai vir sim, e o que queremos é apressar para que venha o mais rápido possível", disse o parlamentar em dezembro passado. Na tarde de ontem, o parlamentar ressaltou que vai continuar defendendo a instalação da Refinaria, e reafirmou que vai trabalhar com esse objetivo durante o seu mandato.
Ele, no entanto, não soube detalhar se a campanha "Refinaria Já!" terá continuidade neste ano, mas afirmou que é importante discutir o tema, uma vez que tem ciência da importância de sua instalação para o desenvolvimento do Estado.
A expectativa com a vinda do empreendimento para o Ceará, segundo os próprios deputados da Assembleia, era de que fossem aplicados investimentos da ordem de US$ 11 bilhões para a instalação da Refinaria Premium II, além da geração de 90 mil empregos diretos e indiretos na fase de construção. Com a instalação do equipamento, era esperado que aproximadamente 300 mil barris de petróleo pudessem ser refinados por dia no Ceará e o Produto Interno Bruto (PIB) do Estado seria incrementado em até 50%.
Prioridade
O deputado federal Danilo Forte (PMDB) lamentou a informação e disse que a estatal vem sendo conduzida de forma "relaxada" e "incapaz" do ponto de vista do seu gerenciamento. Conforme informou, o Estado investiu recursos para que a Refinaria se instalasse em seu território, recursos esses que poderiam ser direcionados para outros setores, como o combate à seca, caso o Governo estadual soubesse que a instalação do equipamento no Ceará não era uma prioridade da estatal.
Segundo ele, a Bancada Cearense pode fazer o enfrentamento político no Congresso Nacional para cobrar que investimentos sejam feitos no Estado, principalmente, com o início da Legislatura, que terá votações importantes. "Temos que deixar de ser a Bancada do "amém" e ter mais contundência, pois na hora de votar os deputados aceitam passivamente tudo o que vem do Poder Executivo. Nossa prioridade será a retomada desse empreendimento", disse o parlamentar peemedebista.
O governista José Nobre Guimarães (PT) foi contatado pelo Diário do Nordeste, e disse que estava procurando maiores detalhes para falar a respeito do assunto. Já o coordenador da Bancada, o deputado Antônio Balhmann (PROS) não atendeu as ligações feitas para seu celular. A assessoria de imprensa do parlamentar informou que ele estava em viagem de volta para o Ceará, e que só poderia atender às ligações no período da noite.
"Nós não vamos deixar isso barato não", disse o deputado Chico Lopes. O parlamentar afirmou não entender porquê o Ceará foi apenado com essa decisão, uma vez que gestões passadas no Estado se empenharam para trazer o equipamento para o Ceará. "Eu vou conversar com o mundo político para saber porque isso aconteceu. Não estamos nada satisfeitos com essa situação", afirmou.
Os deputados estaduais também demonstraram preocupação com a decisão da estatal. O deputado Sérgio Aguiar (PROS), afirmou que recebeu a notícia "com bastante apreensão", uma vez que a Petrobras é importadora de petróleo refinado e necessita de refinarias para fazer o refino do produto bruto.
"Ter essas refinarias é estratégico para o crescimento da Petrobras", disse ele, destacando, ainda que toda a sociedade cearense foi mobilizada nos últimos anos para conhecer os impactos financeiros que seriam causados, principalmente, no que diz respeito à geração de emprego. "Isso acaba se caracterizando como energia desperdiçada pelo esforço que foi feito pelo Governo do Estado", apontou.
Fernando Hugo (SD) disse não estar impressionado com a situação, pois segundo ele, a promessa de construção da Refinaria foi usada de forma "eleitoreira", uma vez que pouco se avançava após os comunicados do Governo Federal.
"O Governo do Ceará sempre fez tudo e mais alguma coisa para que a instituição maior do Brasil de outrora tivesse a vontade determinada de fazer a Refinaria no Estado", disse, defendendo que o governador Camilo Santana solicite a devolução do terreno que serviria para a Refinaria, a fim de que o espaço seja utilizado de outra forma.
João Jaime (DEM), que também não acreditava na obra, afirmou que tinha essa certeza, pois não via no orçamento da Petrobras a construção das refinarias, ressaltando que as promessas eram feitas apenas com interesse político. Ele disse que os cearenses foram "enganados" desde o início das promessas feitas.