O deputado federal reeleito, José Nobre Guimarães (PT), afirma que não é hora de discutir nomes para o cargo de presidente do Banco do Nordeste do Brasil (BNB). O mandato interino de Nelson Antônio de Souza encerra-se no final deste ano. Ele foi efetivado em abril, pelo Ministério da Fazenda, após o ex-presidente, Ary Joel de Abreu Lanzarin ter pedido renúncia do cargo alegando motivos pessoais. “Esses assuntos não foram nem discutidos ainda”, disse Guimarães, após ser questionado pelo jornal O Estado.
Nos bastidores, no entanto, a discussão já começou. O mais cotado para assumir a vaga é o deputado estadual e ex-secretário da Fazenda, Mauro Filho. Homem de confiança do grupo do governador Cid Gomes, Mauro disputou vaga ao Senado da República em 2014 e fez campanha como o “senador da Dilma”. Agora, o deputado seria o nome levado por Cid para a presidente reeleita. A indicação de Mauro Filho pode entrar na cota como um pedido pessoal do governador à presidente, com quem mantém relações de confiança e fidelidade.
O Banco do Nordeste é o maior banco de desenvolvimento regional da América Latina e o principal banco de financiamento na região Nordeste. O BNB configura-se, ainda, como grande administrador das mais importantes linhas de financiamento para as empresas nordestinas, a exemplo do Fundo Constitucional de Financiamento do Nordeste (FNE).
“São tantos assuntos a serem debatidos... Não é hora de nem de tocar nesse assunto”, desconversa o deputado José Guimarães que sempre teve laços estreitos com o comando do banco. De acordo com Guimarães, o PT, nesse momento, está fazendo uma avaliação nacional sobre o último pleito e seguirá com esses debates até o final do mês.
DENÚNCIAS
No início deste ano, o Ministério Público Federal no Ceará (MPF/CE) denunciou o ex-presidente do BNB, Roberto Smith, e mais 10 dirigentes da instituição financeira pela prática de “gestão fraudulenta”. De acordo com a denúncia do procurador da República Edmac Trigueiro, os ex-gestores teriam praticado irregularidades na administração dos recursos do Fundo Constitucional de Desenvolvimento do Nordeste (FNE), provocando um desfalque de R$ 1.274.095.377,97.
A prática irregular, segundo MPF/CE, teria ocorrido após os dirigentes autorizarem pelo menos 52 mil empréstimos, dentre os quais, repasses milionários a empresários. A Corte deu conta de que, depois que os empréstimos eram realizados, os gestores bancários ignoravam os procedimentos de cobrança, encobrindo a real situação patrimonial do FNE.
O relatório de auditoria operacional do Tribunal de Contas da União (TCU) constatou a existência de clientes com dezenas e até centenas de operações baixadas em prejuízo, sem que tenha sido feita ação de cobrança judicial por parte do BNB, em detrimento dos normativos do banco. De 55.051 operações auditadas, somente 2.385 possuíam Autorização de Cobrança Judicial (ACJ).