Os candidatos ao Governo do Estado, Camilo Santana (PT) e Eunício Oliveira (PMDB), continuam em cabo de guerra, disputando o apoio da presidente e candidata à reeleição Dilma Rousseff (PT) no Ceará. Para o segundo turno, enquanto Camilo está utilizando a dobradinha em sua propaganda eleitoral com o bordão: “Quero Dilma em Brasília e Camilo no Ceará”, Eunício viajou para Brasília com o intuito de acertar mais apoios da petista. Na última quarta-feira (8), quando esteve com o vice-presidente da República, Michel Temer (PMDB), teve a informação de que, a exemplo do primeiro turno, Dilma manterá a neutralidade na campanha cearense.
Questionado pelo jornal O Estado sobre a estratégia da dobradinha Camilo e Dilma, o secretário de Saúde do Estado, Ciro Gomes (Pros), que também coordenada à campanha de Camilo Santana, afirmou ser “trivial” nacionalizar o debate. Para isso, destacou que uma campanha moderna que se prese, utiliza as grandes ferramentas de comunicação que é a televisão e o rádio.
“Como nós estamos fazendo a campanha da Dilma também, nós estamos fazendo isso. Mas evidente, o outro candidato [Eunício Oliveira] afirma que vota na Dilma. Como nós queremos a vitória dela, nós, desde o primeiro momento, não queremos criar caso nenhum sobre esse assunto”, colocou, salientando que cabe agora a população fazer seu juízo de valor, sobre quem de fato é apoiado e apoia a petista.
“Tasso Jereissati, senador do Eunício, é o coordenador da campanha do Aécio. A maioria esmagadora da bancada do PMDB do partido do Eunício, pela palavra de Danilo Forte, apoia é o Aécio”, cutucou.
Ao tratar ainda sobre a estratégia de campanha, o aliado de Camilo destacou que, apesar de a grande mídia favorecer os candidatos por atingir um maior público, reverberou que a própria campanha tem demostrado que a militância faz uma diferença central. “Camilo é bem conhecido no Crato. Em sua terra, conseguimos uma votação de 72%. Onde o Eunício é bem conhecido, empatamos”, afirmou, expondo ainda que o peemedebista ganhou em Lavras da Mangabeira por 130 votos.
Componente importante
Para o governador do Estado, Cid Gomes (Pros), as campanhas dependem cada vez mais da televisão e da grande mídia. “A cobertura que a imprensa dá, talvez seja o mais importante componente da campanha”, ressaltou, sinalizando que os noticiários são mais importantes do que os próprios programas eleitorais. “Tem muitos locais no interior que as pessoas não têm mídia aberta, assistem à televisão por meio da parabólica e, nesses locais, vamos tentar compensar com a presença física”, salientou. De acordo com o governador, a coligação para o Ceará Seguir Mudando, “andará sertão, serra, praia, cidade, bairro, distritos, zona rural” para angariar mais votos.
Neutralidade
A neutralidade da presidente Dilma Rousseff e candidata à reeleição, a beneficia, como também aos dois candidatos ao Governo do Ceará. Ao não tomar uma posição política, entre os dois palanques, Dilma ganha o apoio dos dois candidatos ao Governo, que ao mesmo passo, utilizam seu nome, mesmo que de maneira não oficial, para fazerem suas respectivas campanhas eleitorais. Essa é a ideia que frisa o cientista político e professor do mestrado de políticas públicas da Uece, Hermano Ferreira Lima.
“A questão não é o apoio a Dilma Rousseff, mas sim, o apoio dos candidatos para com a petista”, pondera. Para Hermano, Camilo Santana é “quase que obrigado” apoiar Dilma por ser do PT, mas a posição de Eunício torna-se complicada, em virtude de que também conta com o apoio de Tasso Jereissati, que por sua vez, apoia o presidenciável tucano Aécio Neves.
“Eunício irá precisar de que os eleitores da Dilma também votem nele”, disparou, dando conta da significância dos votos que Dilma teve no Estado do Ceará. “Nesse caso, o candidato não se pronuncia ostensivamente, não pede voto nos comícios, mas ele libera as bases para fazer campanha para seus apoiadores”, frisou.
Ratificando a expressiva votação de Dilma, Hermano pondera que pode ocorrer “um desgaste” por parte dos candidatos, no caso de não fazerem campanha para a petista. “Os eleitores da Dilma no Ceará estão votando nela, independentemente de quem vão votar para governador”, pontua.
Eunício Oliveira afirma que, mesmo com a neutralidade de Dilma no Estado, manterá o mesmo “posicionamento” que teve desde o começo, que é de votar na petista. “[...] Até mesmo antes, quando ajudei na aprovação de projetos importantes para o nosso governo federal, continuo acreditando e pedindo voto para Dilma e Temer”, garantiu.
O presidente estadual do PT, De Assis Diniz, diz que a decisão de neutralidade da presidente já foi “superada”. De acordo com o presidente “há tratativas” para trazer, no segundo turno, o ex-presidente Lula ao Ceará.