Acomodação após o terremoto
As últimas pesquisas sobre a eleição presidencial sinalizam que os efeitos do terremoto provocado pela morte de Eduardo Campos (PSB) e a sua substituição por Marina Silva começam a se acomodar.
Após o rápido avanço de Marina Silva (PSB), sua posição se estabilizou. Nesse crescimento, tirou votos de indecisos e esvaziou Aécio Neves (PSDB) de forma muito significativa. Mas não teve impacto significativo sobre a votação de Dilma Rousseff (PT).
O Datafolha já mostrou a tendência de praticamente estancar as movimentações. O Ibope, cuja última pesquisa havia saído dias antes das do Datafolha, apontam ainda oscilação negativa de Aécio e ligeira subida de Dilma e Marina. Mas é bem possível que esse seja ainda deslocamento residual de algo que ocorreu antes, mas que a pesquisa anterior do Ibope não teve tempo de captar.
A julgar pelas sinalizações das pesquisas, o impulso inicial do crescimento de Marina passou. Dilma resistiu bem à tempestade e Aécio desmoronou. A questão é saber até quando se manterá essa estabilidade. Se durar até a campanha, Dilma irá para o segundo turno contra Marina. Mas, no mês decisivo, há muitas possibilidades de surgirem fatos novos que provoquem deslocamentos.
Aécio, principalmente, precisa criar esse fato novo. Para Dilma, a estabilização também é perigosa, pois a perspectiva para um segundo turno não lhe é favorável. Marina tem mais preocupação em consolidar seu crescimento que em avançar ainda mais. No cenário de hoje, é quem teria mais chances de vitória.
As estratégias e efeitos que vinham até agora já parecem ter dado o que tinham de dar. A eleição entra num novo momento, que exigirá posturas também diferentes.
QUANDO E POR QUE ALIADOS COMEMORAM A QUEDANa época em que estava no rompe-não-rompe entre Eunício Oliveira (PMDB) e Cid Gomes (Pros), muitos aliados do governador, reservadamente, torciam pelo fim da aliança. A coluna chegou a registrar isso na época. Não que a intenção fosse, necessariamente, mudar de lado. Acontece que os apoiadores, menos graduados ou mesmo alguns de maior porte, consideram-se meio desprestigiados quando a eleição se prenuncia muito fácil e quando não há competitividade real. Então, quando há concorrência, os apoios se valorizam. Saem mais “caros” – politicamente, não necessariamente financeiramente. Uma eleição em que há uma clara hegemonia desvaloriza os apoiadores.
Pela mesma razão, agora do lado de Eunício Oliveira (PMDB) há quem tenha ficado até satisfeito com a redução da diferença dele para Camilo Santana (PT). Alguns aliados se queixam de que, nos tempos de franco favoritismo, também houve essa desvalorização dos apoiadores. As reclamações são de que os parceiros já não eram ouvidos, não eram consultados sobre agenda. Perderam voz, espaço e prestígio, de forma inversamente proporcional à vantagem do peemedebista.
Com a queda e o favoritismo de Eunício abalado, esses aliados esperam agora ser mais valorizados e receber um pouco mais de atenção.
OTIMISMO MUDOU DE LADOO otimismo que os aliados de Eunício esbanjavam até alguns dias atrás mudou de lado. São agora os aliados de Camilo que aparentam a certeza de que a continuidade do avanço é o caminho inevitável e que o petista será inevitavelmente eleito. Até o governador Cid Gomes (Pros) demarcou setembro como marco inicial da campanha e se arriscou num versinho no qual as entrelinhas demonstram a confiança na vitória do seu candidato, o “jovem idealista”, frente ao “milionário ambicioso”.
Sem entrar na avaliação política, o valor poético não é dos maiores.