Apesar do racha interno do Partido dos Trabalhadores (PT), quando o assunto é o lançamento, ou não, da candidatura própria ao governo do Ceará nas eleições deste ano, um único ponto pode unir pelo menos duas correntes da legenda: a candidatura do deputado federal José Guimarães ao Senado da República.
Segundo o deputado federal Eudes Xavier (PT), a ala da ex-prefeita Luizianne Lins não é contrária à possível candidatura de Guimarães ao Senado Federal. O parlamentar afirmou que a postulação é legítima e interessa ao partido que, no Ceará, ficará com mais um senador, caso o petista concorra e seja eleito.
“Nós jamais ficaremos contra uma candidatura majoritária de um petista, seja ele quem for, porque o que queremos é construir e não destruir”, revela, acrescentando que Guimarães pode seguir em frente com o projeto, porque contará com o apoio do PT.
Para o deputado estadual Dedé Teixeira, a possível candidatura de Guimarães é essencial para a legenda. Na coligação com o Pros, o PT quer apenas participar da chapa majoritária, disputando a única vaga do Senado. “Nós vamos manter essa aliança no Ceará nem que, para isso, seja necessário usar a força do Lula e da Dilma”, afirmou.
RACHA INTERNO
O apoio à disputa de Guimarães ao Senado Federal parece ser o único ponto em comum entre as diferentes alas do PT, que continuam com divergências internas quanto à manutenção da aliança nas eleições. Declarações de filiados mostram que a legenda está cada vez mais distante de um consenso sobre o assunto. Uns apostam no apoio ao nome indicado à sucessão estadual por Cid Gomes (Pros), enquanto outros prometem lutar pela candidatura própria.
Segundo Teixeira, a legenda vai brigar com “toda a garra” para que a aliança situacionista seja mantida no Ceará e possibilite a formação de um palanque único, de apoio à reeleição de Dilma. “O maior número de filiados do PT tem o pensamento de formar um único palanque para apoiar a reeleição de Dilma, mas a minoria diverge em relação à continuidade da aliança do PT com o Pros”, disse, deixando claro que, caso a manutenção não seja possível, a sua preferência será pelo partido de Cid Gomes. “Estou do lado de Guimarães, que é estar do lado de Cid Gomes”.
José Guimarães, também, promete trabalhar, ferrenhamente, pela manutenção da aliança, reconhecendo que, dentro do seu partido, há uma ala que não quer a continuidade da aliança. De acordo com o deputado federal, a legenda pretende chegar a um entendimento interno o mais rápido possível. “A maioria, cerca de 80%, é a favor da aliança, que tem tudo para seguir em frente”.
Por outro lado, Eudes Xavier informou que o seu segmento petista vai continuar lutando pela candidatura própria do partido à disputa pelo governo do Estado. Segundo ele, o PMDB, por meio do senador Eunício Oliveira, terá candidatura própria, o Pros vai fazer a mesma coisa e, por isso, o PT tem o direito. “Nós não queremos é ficar alinhados aos Ferreira Gomes, porque eles já nos traíram uma vez e poderão repetir a dose novamente”.
O deputado defende que a ex-prefeita Luizianne Lins dispute a chefia do Palácio da Abolição. Ela já havia declarado, na semana passada, estar disposta a lançar a candidatura – indo de encontro à intenção da presidente Dilma Rousseff de a legenda apoiar um nome indicado pelo governador Cid Gomes (Pros). “A Luizianne está na crista da onda, e tenho a certeza de que, se ela resolver postular o Governo do Estado, vai, não só provocar o segundo turno, como ganhar a eleição”, arrisca.
MANIFESTO
Com o objetivo de fortalecer a tese de que o PT não tenha candidato próprio ao governo do Estado e unir o partido, na semana passada membros do Diretório Estadual da legenda apresentaram manifesto que reforça a manutenção da aliança.