Deputados da base do governo e da oposição manifestaram ontem, na Assembleia Legislativa, visões opostas acerca do leilão do Campo de Libra, o primeiro para produção de petróleo sob o regime de partilha. Para governistas, o resultado foi considerado um sucesso por garantir participação de 40% da Petrobras, além de parceria com grandes petroleiras chinesas; para os oposicionistas, a formação pode ter comprometido os investimentos brasileiros. O deputado Dedé Teixeira (PT) disse que o resultado do leilão coloca o Brasil num novo cenário geopolítico do petróleo, uma vez que proporcionou ao País um importante passo para produção de petróleo. Agora, segundo ele, o governo precisa assumir seu papel e destinar os recursos para saúde e educação, como foi aprovado pelo Congresso Nacional. Salientou, ainda, que o Brasil irá atingir futuramente uma posição estratégica na produção de energia. BOAS E MÁS Para João Jaime (DEM), o resultado traz boas e más notícias. Entre os destaques citados, está o reconhecimento tardio da importância do investimento privado para o desenvolvimento do País. Por outro lado, disse que as contradições do Governo estão minando a confiança dos investidores, por isso que, conforme destacou, empresas americanas não participaram do leilão. Ainda segundo ele, nos últimos anos, a Petrobras observa seus valores despencando, e o País gastando recursos com importação de combustíveis, tudo por conta da resistência petista com o modelo de concessões. DESAFIOS Já a deputada Eliane Novais (PSB) desafiou o Governo a responder de forma clara algumas críticas e questionamentos realizados sobre a exploração do pré-sal. Segundo disse, já está licitado, mas, neste momento, sua preocupação é não ter um plano de contingência, uma vez que não há exatidão do tamanho da riqueza a ser explorada. “O governo precisa vir a público, apresentá-lo. Não podemos transformar uma potencial riqueza, que é o petróleo do pré-sal, pois a reserva poderá secar, sendo, desta forma, esgotada por uso das empresas estrangeiras”. O deputado Fernando Hugo (SDD) classificou como “trágico”, pois, segundo ele, a União deixou de ganhar. O deputado Lula Morais (PCdoB) afirmou que, diferente do que desejavam alguns parlamentares, o modelo adotado pelo governo foi o regime de partilha, e não de concessão. E, portanto, todos saem ganhando com o resultado, afirmando que os ganhos poderão ser maiores se o valor do barril de petróleo chegar a US$ 100. LAURA RAQUELDa Redação