Os vereadores do PT, em manifestações na Câmara Municipal de Fortaleza, ontem, criticaram a ideia de transformar o Hospital da Mulher em um equipamento de saúde que passe a atender outros tipos de especialidades, no mesmo modelo do Instituto Doutor José Frota (IJF). A proposta partiu da deputada Silvana Oliveira (PMDB) e ganhou o apoio do vice-líder do Governo na Assembleia Legislativa, Augustinho Moreira (PV). "Não podemos permitir mudar a concepção do Hospital da Mulher", defendeu o vereador Acrísio Sena (PT), um dos que protestaram. O Hospital da Mulher foi uma das principais obras da gestão da ex-prefeita Luizianne Lins (PT), e os vereadores do PT querem a manutenção do formato dessa unidade de saúde tal como foi concebido pela antiga gestão da Capital. Para Acrísio, o debate de mudar a competência do Hospital da Mulher é fora de foco. Segundo o vereador Guilherme Sampaio (PT), está havendo, na atual gestão, um "desmonte" nos aparelhos de saúde pública da Capital, e um exemplo disso, atesta, é o Hospital da Mulher. O petista também afirmou ser contra a tentativa de transformar essa unidade de saúde em um hospital de urgência. O vereador Elpídio Nogueira (PSB) indagou de quem eles teriam obtido a informação sobre mudança no modelo de atendimento daquele hospital, informando que a secretária de Saúde afirmou desconhecer o tema. Leitos O argumento apresentado por Silvana Oliveira é a falta de leitos de suporte em todo o Estado, o que, segundo ela, acaba causando superlotação nos principais hospitais públicos de urgência e emergência, como IJF e Hospital Geral de Fortaleza (HGF). Acrísio Sena discorda da argumentação. "Propor transformar o Hospital da Mulher sob o argumento que o IJF e o HGF estão super lotados e o Hospital da Mulher está sub-utilizado, é não entender a função primordial de cuidar da saúde reprodutiva da mulher", ponderou. Conforme o parlamentar, o último levantamento feito pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) aponta que o Estado do Ceará possui 200 mil mulheres a mais do que homens, e em Fortaleza são 156 mil mulheres a mais do que homens. "Uma das coisas mais visionárias e corretas na sua concepção é o Hospital da Mulher que serve de exemplo todo para todo o Brasil", ponderou. Acrísio Sena defende que, ao invés de "descaracterizar" o Hospital da Mulher, a melhor medida seria colocá-lo para funcionar "a todo vapor", principalmente para que essa unidade de saúde possa fazer um trabalho preventivo na saúde das mulheres, diminuindo os casos de câncer de mama, por exemplo. O vereador também defende que aquela unidade vire um hospital escola e torne-se referência para todo o País. "Faço um chamamento às mulheres para não deixar cair essa bandeira", destacou.